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'Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?' estreia nacionalmente nesta sexta

Outras duas peças entram em cartaz. Confira detalhes

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A depender da vontade do diretor Jorge Farjalla, quem for assistir à comédia romântica “Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?”, de Yuri Ribeiro, com argumento do próprio autor com Claudia Wildberger, que são casados na vida real, vai sair do Teatro das Artes direto para o altar. A peça, que estreia nacionalmente hoje, às 21h, mostra a história de amor de Andréia e Daniel, personagens interpretados por Yuri e Paula Burlamaqui. Ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz. 

O xis da questão é que 25 anos separam o nascimento dela do dele, causando uma série de conflitos que nada tem a ver com os dois, mas com o preconceito de quem está ao redor. Na história, o filho dela, Caio, interpretado por Vitor Thiré, incorpora o coro dos descontentes. Para completar o elenco, também está em cena Jujuba Cantador, palhaço da vida real, que toca acordeom, escaleta e bandolim. O espetáculo é todo comentado, com a execução da trilha ao vivo além de efeitos sonoros eletrônicos. 

“Quando fui convidado para fazer a direção, levei um susto. Há tempos não dirijo uma história de amor como esta, que é real, é do Yuri e da Claudia. De cara, imaginei um circo para ambientar o romance. Os personagens Andréia e Daniel são clowns às voltas com os impedimentos que surgem pela diferença de idade. Exercitamos outro tipo de linguagem teatral, evitando o óbvio”, afirma Farjalla. 

Também autor dos delicados figurinos e responsável pelo trabalho corporal, ele convocou os parceiros José Dias, para conceber o cenário, e João Paulo Mendonça. para a trilha sonora, que inclui “Melodia sentimental”, de Villa-Lobos, e “Lua branca”, de Chiquinha Gonzaga. “Embalar o amor do casal no lirismo do circo é o que orienta a encenação. O amor é o guia para onde de fato nos movimentamos na vida”, destaca o diretor. 

Casado com Claudia há cinco anos, Yuri, 25 anos mais novo do que a mulher, resolveu transformar a sua experiência de vida em espetáculo teatral, após conviver dia e noite com a maldade das pessoas. O espetáculo aborda as várias fases de um relacionamento amoroso, prometendo deliciosas risadas e muita reflexão. 

Nascido em São Paulo, criado em Palmas, Tocantins, Yuri veio morar no Rio para estudar teatro. Hoje, faz parte da companhia Os Trágicos e trabalha bastante. Simples assim. Ou não. “A gente percebe nos olhares e os discursos são bem loucos, tanto com maldade, com intenção de incomodar, como também de gente desavisada, que não pensa antes de falar. Tivemos uma vizinha que sempre insistia em falar que éramos mãe e filho. De tanto passar por situações absurdas, resolvi escrever essa peça”, conta. 

Para a atriz Paula Burlamaqui, o dilema é bem próximo. Ela leva a personagem Andréia às raias da poesia. “Tenho uma diferença de 13 anos para meu namorado. Não sinto tanto preconceito, mas a história do Yuri e da Claudia pode ter sido mais complicada. Sempre fui bem-resolvida. O amor de uma pessoa por outra não importa sexo, cor, é muito raro de acontecer, uma ou duas vezes na vida, se muito”, pontua. Paula afirma que a composição da personagem tem muito a ver com ela. “Tenho muito dessa mulher, de uma colombina frágil, isso me aproxima da Andréia, que conhece o companheiro num sarau, está vindo de uma separação, chorando. E tudo muda quando eles se conhecem”, conclui. 

Estreias e despedidas

Texto original do ator e diretor Renato Carrera, de 30 anos de carreira, “Vim assim que soube” não anda pela seara do riso. A peça estreia hoje no Sesc Copacabana (Sala Multiuso). Renato divide a cena com a atriz Cris Larin, companheira de 13 encenações anteriores. A direção é do premiado Marco André Nunes (também diretor de “Caranguejo Overdrive” e “Guanabara Canibal”, montagens consagradas por crítica e público). 

O espetáculo retrata o maniqueísmo de um homem à beira da morte com a sua melhor amiga. “A montagem celebra os encontros do teatro e homenageia referências das décadas de 1980 e 1990, a exemplo de  Gerald Thomas, Antunes Filho, Asdrúbal Trouxe o Trombone, Augusto Boal e Amir Haddad”, pontua Carrera. 

Amigos na vida real, Cris Larin e Renato Carrera já dividiram palco várias vezes. Entre os trabalhos mais importantes destacam-se “Preguiça”, “Esfícnter” e “Senhora dos Afogados”, todos sob a direção de Ana Kfouri. Outro projeto de sucesso da dupla foi a montagem de “O Ateliê Voador” de Valérie Novarina sob a direção de Thomas Quilladert. 

Reestreia amanhã no Teatro Clara Nunes, na Gávea, o divertido “Brimas”, dirigido por Luiz Antônio Rocha, que já foi assistido por 50 mil pessoas em um ano e meio desde a estreia. Uma carreira vitoriosa, sem patrocínio e uma história original que fala de afeto através de duas avós, uma judia e outra libanesa, interpretadas por Beth Zalcman e Simone Kalil, também autoras do texto. “Acho que a peça atrai o público porque é um tema pertinente a todas as pessoas, de alguma forma, todo mundo tem imigrantes na família. Construímos o texto a partir das histórias que vivemos com nossas avós”, afirma Beth.

Para o diretor Luiz Antônio Rocha, a comédia é um dos pontos de contato com público. Mas há muito mais em jogo. “É uma peça que tem muito humor, mas é profunda. Sobrevivemos sem patrocínio porque ‘Brimas’ comove as pessoas, faz com que elas pensem na própria história”, acrescenta. Luiz foi a primeira opção de Beth e Simone, que se conheceram num curso de teatro e descobriram a história em comum das avós. “Quando ele leu o texto foi mostrando caminhos para a dramaturgia se consolidar em cena”, lembra Beth.

A atriz e autora lembra que o avô, que veio morar no Brasil atrás de uma vida melhor para escapar da pobreza no Egito, tinha um tabuleiro com peças de barbear e a cada imigrante que via chegar no cais do porto dava ao recém-chegado um tabuleiro para o conterrâneo fazer biscates. “'Brimas' mostra a história da solidariedade e do respeito, que estamos precisando tanto hoje, características que nós brasileiros temos, mas estamos tão massacrados com tudo ao redor que estamos deixando esse legado de lado”, opina. 

Na peça, as imigrantes Esther (Beth) e Marion (Simone) revivem suas histórias enquanto cozinham quibes para um velório. O riso, a saudade da família e as memórias do passado se misturam nessa história cheia de emoção e sabedoria. A peça reflete o Brasil que acolhe as diferentes culturas, misturando e unindo nacionalidades e crenças religiosas. É um contraponto à realidade atual em que tantos refugiados no mundo têm suas travessias interrompidas. A montagem estreou em novembro de 2015 no Rio de Janeiro, recebendo indicação ao Prêmio Shell na categoria Melhor Texto.  

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SERVIÇO

Vim assim que soube - De Renato Carrera. Direção de Marco André Nunes. Estreia hoje Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Tel.:2547-0156) Sex. a dom., às 19h Ingresso: R$ 30 e R$ 15. Até 24/6.

Vou deixar de ser feliz por medo de ?car triste? - de Yuri Ribeiro. Direção de Jorge Farjalla. Estreia hoje, às 21h. Teatro das Artes (R. Marquês de São Vicente, 52 – Gávea; Tel.: 2540-6004) Sex. e sáb., às 21h. Dom., às 20h. R$ 80. Até 29/7

Brimas - de Beth Zalcman. Dir: Luiz Antônio Rocha. Reestreia amanhã, às 19h Teatro Clara Nunes (R. Marquês de São Vicente, 52 - Gávea. Tel.: 2274-9696) Sáb., às 19h. R$ 60. Até 23/6