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A ?orida revolução do lúpulo brasileiro

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Uma florida “revolução” está se alastrando pelos campos de vários cantos do Brasil. As flores em questão são de lúpulo. Com elas, caem por terra os prognósticos feitos pela turma dos países exportadores da planta que decretavam que o lúpulo não se adaptaria em terras tropicais.

 No último dia 21 de março, cinco variedades foram registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por um viveiro do Paraná. Isso significa que temos lúpulos brasileiros, oficialmente. Agora, fazem parte do Registro Nacional de Cultivares os lúpulos Cascade, Centennial, Fuggle, Hallertauer Magnun e Northen Brewer. As plantas foram adquiridas há dois anos, nos Estados Unidos e Argentina, pelo Viveiro Porto Amazonas, que fica a 80 Km de Curitiba. A venda das mudas, porém, ainda demora cerca de um ano para começar, por conta de pesquisas que ainda serão feitas. 

Outro produtor “persegue”, desde 2005, o lúpulo nacional. No Viveiro Frutopia, em São Bento do Sapucaí (SP), o que se fez foi ir além de adaptar em solo nacional mudas trazidas do exterior. Lá, brotou uma nova variedade de lúpulo, que está sendo considerado o primeiro 100% nacional e que foi batizado de Mantiqueira, ainda não registrado. 

O Brasil importa cerca de R$ 50 milhões em lúpulo, por ano, apenas para produzir cerveja. Outro tanto é importado pelo governo para a produção de medicamento. O lúpulo é um dos principais ingredientes da cerveja. Com propriedades bactericidas, é cada vez mais utilizado na indústria farmacêutica, como também na alimentícia, beleza e perfumaria. 

No final de março, Amparo, distrito de Nova Friburgo (RJ) promoveu a Festa da Flor de Lúpulo, a fim de chamar a atenção para a crescente produção da planta na região – em plantações que começaram e vingaram também por iniciativa particular de agricultores. 

Em todo o país, atualmente, existem bem-sucedidas plantações de lúpulo. Algumas ainda para consumo particular. Outras com vistas à produção em maior escala.  Para organizar essa atividade, ainda dispersa, será criada, dia 19 de maio, a Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolupulo). A sede será em Lages, em um dos campi da Universidade Estadual de Santa Catarina.

 Os produtores de cerveja são os principais interessados nessa atividade. Lúpulo fresco local significa terroir para suas bebidas e isso agrega um belo valor ao produto. E vários rótulos já começam a chegar no mercado. 

Além de economizar com importação de lúpulo e valorizar as cervejas brasileiras, a produção da planta pode vir a ser uma opção de trabalho e renda para pequenos e médios produtores rurais, em todo o país. Isso porque, em uma área de 2,5 mil metros quadrados é possível ter até 500 plantas e a estimativa de retorno para o investimento é de até dois anos. No caso específico de Santa Catarina, pode vir a substituir o cultivo do fumo nas pequenas propriedades, que constituem 95% do perfil rural do Estado. 

Essa revolução florida nos campos do Brasil está apenas começando. E reforça o velho jargão nacional, um tanto esquecido, que diz que, por aqui, “em se plantando, tudo dá”.

*Jornalista titular da coluna cervejeira Lupulinário (httpss:// www.comunicsoniaapolinario.com.br/)