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Antonio Skármeta vem ao Brasil lançar nova edição de livro e filme baseado em sua obra

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Quando Selton Mello recebeu um exemplar de “Um pai de cinema” junto com um recado do autor da obra, Antonio Skármeta, recomendando que ele adaptasse a obra para a tela grande no Brasil, o diretor achou que fosse um trote. 

“Por que diabos o grande autor de O carteiro e o poeta entregaria um livro para eu filmar? Muita responsabilidade! Quando eu li compreendi tudo. Os sonhadores se reconhecem de longe. As páginas iam passando e a certeza aumentando de que eu tinha que filmar essa pequena história passional. Me identifiquei com este protagonista. E quis contar sua história como se fosse a minha”, escreveu Selton para a nova edição do livro, que a editora Record lança em 3 de agosto, mesma data em que o filme estreia nos cinemas do país.

Tudo começou em 2013, quando Skármeta, autor de “O carteiro e o poeta”, que foi adaptado com sucesso para o cinema na década de 90, foi patrono de uma festa literária no Rio Grande do Sul. Lá, ele manifestou seu desejo de ver o romance ser rodado no Brasil e falado em português. A serra chilena onde se passa a história de “Um pai de cinema” daria lugar à serra gaúcha. Foi então que um amigo brasileiro lhe disse para assistir a “O palhaço”, observando que Selton Mello talvez fosse o artista ideal para fazer a adaptação. Skármeta adorou o filme e vendeu os direitos para uma produtora brasileira já com o nome de Selton na cabeça.

O livro conta a história de Jacques, um jovem chileno que retorna à sua pequena cidade natal após concluir os estudos em Santiago. Assim que chega em casa, ele é surpreendido com a notícia de que seu pai, francês, voltou a Paris.  Em meio à sua rotina como professor e tradutor, entre suas angústias e aventuras, ele descobre que a história contada pelo pai pode não ser verdadeira. E é a partir daí que o protagonista assume praticamente o lugar de um diretor de cinema e guia os outros personagens no decorrer da trama. Repleto de referências musicais e cinematográficas, “Um pai de cinema” faz uma viagem pela cultura chilena dos anos 1960.

Para fazer a adaptação, Selton contou que precisou ir “além das páginas do livro”, propondo novos caminhos para os personagens, mas “sem ferir a essência que o autor do livro engendrou”. Skármeta deu sinal verde para o cineasta. “Quando um diretor de cinema se interessa por um romance meu, se é um diretor que eu estimo, admiro e em quem confio, eu lhe dou autorização para que ele faça o que quiser com meu livro”, disse ele, no set. “As filmagens aconteceram numa cidade chamada Garibaldi, e de súbito me vi submergido na atmosfera do livro. Este trem em que viajavam os protagonistas, eu havia sonhado com ele alguma vez? Por que tudo me parecia tão familiar? Selton Mello e sua equipe tinham encontrado um lugar que eu tinha apenas imaginado. Coisas de cinema.”

Antonio Skármeta nasceu em Antofagasta (Chile) e se formou em filosofia e literatura, na Universidade do Chile e na de Columbia, em Nova York. Seus romances e contos foram traduzidos para 35 idiomas. “O carteiro e o poeta” foi sucesso mundial e o filme baseado nele obteve cinco indicações ao Oscar. Foi embaixador do Chile na Alemanha de 2000 a 2003 e hoje vive em seu país, dedicando-se apenas à literatura.