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100 Anos do Samba: debate e espetáculo na Funarte compõem celebração

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A Fundação Nacional de Artes – Funarte reverencia o samba centenário desse ritmo, com um debate que reúne dois estudiosos do estilo que caracterizou o Rio de Janeiro: Ruy Castro e João Máximo, na mesa de discussão 100 Anos do Samba na Funarte. Ela se forma na Sala Funarte Sidney Miller, nesta quarta-feira (30), às 18h, com mediação de Rodrigo Alzuguir.

Já nos dias 1º e 2 de dezembro, quinta e sexta-feira, às 20h, o elenco do musical A Cuíca do Laurindo sobe ao palco do conhecido espaço musical do Centro do Rio, para cantar Noel Rosa, Herivelto Martins, Wilson Baptista, Haroldo Lobo, Zé da Zilda; e tantos outros que imprimiram ao samba as raízes e características da brasilidade. A entrada nos eventos é gratuita.

“O samba é uma das expressões culturais, estéticas e artísticas mais vigorosas do Brasil. Desde que o samba é samba, nós temos aprendido a pensar o Brasil através de canções nesse ritmo, nas formas mais variadas, do partido alto ao samba-canção, passando por variações modernas, como a bossa nova”, afirmou Marcos Lacerda, diretor do Centro da Música, organizador da comemoração.

“A Funarte não poderia deixar de realizar um evento neste ano de homenagem aos cem anos do samba. Recentemente, na Ordem do Mérito Cultural, O Ministério da Cultura realçou a singularidade do samba como um dos traços culturais centrais para a nossa formação.”

O samba

Os estudiosos da música brasileira registram que o samba surgiu no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, em áreas como o Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e Zona Portuária, localidades predominantemente habitadas por negros e mestiços, vindos principalmente da Bahia, e que formavam a “favela”, como chamavam sua comunidade. 

Nestes bairros, também se alojavam muitas baianas, conhecidas como as Tias Baianas, que mantinham as tradições da cultura negra. Tia Ciata ou Aciata – Hilária Batista de Almeida – é a mais destacada desse grupo. Moradora na Cidade Nova entre os anos de 1899 e 1924, ela é considerada uma das responsáveis pelo samba carioca. As rodas de samba em sua casa, às vezes, duravam dias, e um samba para alcançar sucesso tinha que ser aprovado por essas rodas.

Assim aconteceu com Pelo Telefone, samba-maxixado de Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos – 1890/1974) e Mauro de Almeida (jornalista conhecido como Peru dos Pés Frios – 1882/1956). “Abençoado” na casa de Tia Ciata, Pelo Telefone foi registrado por Donga, em 27 de novembro de 1916, e é considerado o primeiro a ser gravado, ainda no ano de 1917. Donga abriu o caminho para outros frequentadores do quintal de Tia Ciata: Sinhô (José Barbosa da Silva), Ismael Silva, Chico da Baiana, João da Baiana. Mais tarde, no Estácio – anos 1920 –, no Estácio, o samba foi ganhando outras linhas melódicas. Alcançou Vila Isabel, nos anos 1930, e recebeu outras variantes, ganhando status nacional, com Noel Rosa, Ary Barroso, Luiz Peixoto, Mário Reis, Carmen Miranda e tantos outros. 

Variações do ritmo, como o partido-alto, o pagode, o samba-canção, samba de breque, o samba-enredo e as mais modernas como a bossa nova, o samba-rock, o samba-jazz e até experimentações eletrônicas mais contemporâneas reafirmam o poder transformador do samba, como cantou Caetano Veloso (em Desde que o samba é samba). O estilo ocupou o centro da formação cultural brasileira, onde continua, com as gerações mais novas de artistas nacionais e reafirma sua importância histórica para a música popular brasileira.

O musical A Cuíca do Laurindo

O espetáculo resgata a paisagem sociocultural da Cidade Maravilhosa, na primeira metade do século XX. O cenário é o morro da Mangueira e suas escolas de samba. Retrata uma fase importante de mudanças da música popular – a da estruturação do samba como o conhecemos hoje, com traços próprios de ritmo, melodia e harmonia. Mostra ainda o surgimento das agremiações e de uma influente geração de compositores, como Noel Rosa (1910 – 1937), Herivelto Martins (1912 – 1992) e Wilson Baptista (1913 – 1968). 

O protagonista é o tocador de cuíca Laurindo, irreverente personagem criado por Noel no samba Triste cuíca (1935), gravado por Aracy de Almeida. A biografia de Laurindo foi construída coletivamente, nas rodas boêmias cariocas, como uma espécie de folhetim.

Além de revelar pesquisa histórica, com trilha sonora feita de sambas tradicionais, uma das propostas de A Cuíca do Laurindo é contribuir para o protagonismo do negro no teatro brasileiro. A dramaturgia e o roteiro musical foram escritos por Rodrigo Alzuguir, pesquisador e historiador da música brasileira, autor da biografia de Wilson Baptista. A direção é de Sidnei Cruz. 

No elenco, vozes conhecidas, como Alexandre Rosa Moreno, Claudia Ventura, Hugo Germano, Marcos Sacramento, Nina Wirtti, Rodrigo Alzuguir e Vilma Melo. A direção musical e os arranjos, instrumentais e vocais, são de Luis Barcelos, com arranjos adicionais de Rafael Mallmith; a direção de movimento é de Ana Paula Bouzas; com figurino de Flávio Souza; cenário de José Dias; iluminação de Aurélio de Simoni; desenho e operação de som de Daniel Costa; preparação vocal de Marcelo Rodolfo; assistência de direção de Patrícia Zampiroli. Os músicos são: Luis Barcelos (bandolim, cavaquinho), Rafael Mallmith (violão), Yuri Villar (sopros), Marcus Thadeu (percussão), Magno Julio (percussão), com os substitutos: Maycon Julio, Lucas Porto, Marcelo Cebukin, Gabriel Leite e Kaká Nomura.

100 Anos do Samba na Funarte 

Quarta-feira, 30 de novembro, às 18h 

Mesa de debate 

Com Ruy Castro e João Máximo, mediação Rodrigo Alzuguir.

Espetáculo musical 

A Cuíca do Laurindo

*Entrada franca 

Quinta e sexta-feira, 1º e 2 de dezembro, às 20h

Local: Sala Funarte Sidney Miller 

Rua da Imprensa, 16 – Térreo do Palácio Gustavo Capanema, Centro – Rio de Janeiro (RJ) 

Tel. (21) 2279-8087 (bilheteria)

Lotação: 207 pessoas

Sujeito à lotação