O Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, na Colônia Juliano Moreira, inaugura, no dia 4 de junho, a exposição 'Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras', com curadoria de Daniela Labra.
Com duração de sete meses, de junho de 2016 a janeiro de 2017, a exposição apresentará uma seleção de 60 obras da coleção do museu que remetem à perspectiva mística, sacerdotal e performática de Bispo do Rosário, como o Manto da Apresentação. Também serão expostos estandartes, roupas bordadas, objetos, faixas de misses e filmes documentais sobre sua obra e vida.
“As peças escolhidas remetem a um universo de memórias coletivas e individuais, de lembranças inventadas de eventos sociais e de celebração festiva ou solene”, explica Daniela. A exposição inclui instalações de artistas contemporâneos como Sincretismo Sincronizado, instalação sonora de Siri, apresentada na íntegra pela primeira vez, e Materializador de Sonhos, de Nadam Guerra.
Além dessas, uma programação com 10 performances acontecerá sempre no último sábado do mês, entre junho e setembro.
'Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras', título da exposição, vem da reunião de duas frases de Bispo do Rosário, que sugerem imagens de movimento, inter-relações e colorido. 'Venham as Virgens em Cardumes' é encontrada em um bordado em que Bispo descreve virgens, cardumes, desejos e milagres em um fluxo de palavras e visões transpostas. A pergunta 'Qual a cor da minha aura?' é atribuída ao tempo em que ele morou sozinho, durante sete anos, em uma ala do Pavilhão 10, transformada em cela/ateliê. Nessa época, Bispo interrogava os visitantes antes de permitir a entrada de quem chegava.
“A exposição evoca, no título e no formato, as delirantes imagens poéticas de tantas frases de Bispo, um criador de objetos e narrativas. No imaginário popular, o artista é uma figura quase mística, próxima ao sacerdote, com seu manto mágico garboso, que escrevia recados da humanidade para o fim do mundo”, explica Daniela.
Destaques
Entre os destaques da exposição 'Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras' está uma seleção de registros inéditos de Arthur Bispo do Rosário feitos pelo fotógrafo francês Jean Manzon.
Além disso, serão exibidos 8 estandartes que foram reunidos e vistos pelo público apenas uma única vez, em evento realizado há mais de 30 anos. Serão apresentadas também peças de roupas bordadas nas décadas de 1960 e 1970 pelo próprio Bispo e as faixas de miss.
Outra novidade é que será criado um circuito e um mapa para que os visitantes possam conhecer lugares importantes da Colônia Juliano Moreira, que poderão ser explorados individualmente pelo visitante ou em grupos guiados.
As performances de Mauricio Ianês, ações de Laura Lima que pertencem à Coleção do MAM-SP, e fotos e vídeos de Dalton Paula, artista revelação convidado para a XXXII Bienal de São Paulo, também merecem destaque.
A exposição
As performances e as instalações poderão ser encontradas em diferentes espaços do museu e da Colônia, que ocupa uma área de 500 metros quadrados, em Jacarepaguá. Ao longo de seis meses, serão apresentadas as performances criadas por diferentes artistas e coletivos, com a ocupação das galerias da exposição nos corredores do edifício da administração; nas áreas externas; no Pavilhão 10, onde Bispo do Rosário viveu; e no Polo Experimental de Convivência, Educação e Cultura do Museu.
“O mais interessante é que as performances e residências serão integradas ao Circuito Cultural Colônia, que inclui a cela onde viveu Bispo e o Polo Experimental, onde está localizada a obra 'Como eu devo construir as paredes da minha casa? (Sobre ruínas e rendas)' de Daniel Murgel”, ressalta a curadora. Daniela conta, ainda, que a exposição será um espaço vivo de experimentação e transformação aberto ao público, cuja documentação e memória das performances será filmada e editada regularmente, para ser e exibida em uma TV ao longo da duração do evento.
Alguns artistas ficarão em residência artística na Colônia e as ações, que serão apresentadas aos visitantes e internos, serão o resultado desse período de imersão. São eles: Daniela Mattos (RJ), Maurício Ianês (SP), Fernanda Magalhães (PR), Projeto Matilha: Fabiana Prado e Pedro Guimarães (SP), Ricardo Basbaum (RJ) e Rubiane Maia (ES).
Programação da abertura
6h – Eleonora Fabião
Azul, azul, azul e azul (Caminhada com "Manto da Apresentação" de Bispo do Rosário)
Local: Saída do andar térreo do Museu
Na abertura, a diretora e performer Eleonora Fabião, do Rio de Janeiro, realiza cinco ações, iniciando às 6h. Ela e seu grupo de colaboradores acamparão na Colônia Juliano Moreira na noite anterior e, no dia 4, farão cortejos pelos arredores do Museu, levando peças feitas por Bispo do Rosário em diferentes horários. A primeira caminhada sairá com o Manto da Apresentação, e a última, com o casaco bordado Eu Vim. Nas caminhadas, bambus de quatro metros customizados pela artista com linhas coloridas e lâmpadas fluorescentes acompanharão as peças de Bispo. O projeto é uma adaptação de ação realizada para a Bienal de Performance de Nova York, em 2015.
Azul azul azul e azul é uma criação de Eleonora Fabião. As ações são performadas com o grupo de colaboradores azul azul azul e azul. Co-realização: Museu Bispo do Rosário. A realização do trabalho está sujeita a condições climáticas. Caso necessário, será reagendado.
9h – Eleonora Fabião
Azul, azul, azul e azul
(Cortejo com "Vela Roxa" de Bispo do Rosário)
Local: Saída do andar térreo do Museu
11h – Panmela Castro
Porquê?
Graffiti + performance
Local: Túnel - passagem de pedestres sob a via Transolímpica
A artista Panmela Castro, grafiteira atuante nas ruas do Rio de Janeiro e reconhecida internacionalmente por seu ativismo feminista, realizará o mural Porquê? dentro da Colônia. A realização do mural se encerra com uma performance no dia da abertura.
12h – Eleonora Fabião
Azul, azul, azul e azul
(Cortejo com "Vela Roxa" de Bispo do Rosário)
Local: Saída do andar térreo do Museu
14h – Projeto Matilha
Cara de Quê? Ação disparadora
Local: Museu e arredores
“Cara de Quê?”, do Projeto Matilha (Pedro Guimarães e Fabiana Prado), é uma intervenção que lança aos participantes a questão da autoimagem. Ao ver o seu rosto refletido em pequenos espelhos, o visitante é convidado a referenciar-se a partir de padrões pré-estabelecidos e/ou da relação que seu rosto guarda com suas emoções, desejos e subjetividades. O intuito é sintetizar as respostas obtidas em um registro poético, revelando os modos de construção da autoimagem a partir das vozes internas e externas que nos habitam.
15h – Eleonora Fabião
Azul, azul, azul e azul
Local: Saída do andar térreo do Museu
16h – Nadam Guerra
Materializador de Sonhos
Local: Galeria do 3º andar
17h – Pedro Guimarães
Chinelada (pocket show)
Local: Térreo do Museu
18h – Eleonora Fabião
(Cortejo com "Eu Vim" de Bispo do Rosário)
Azul, azul, azul e azul
Ação das 6h às 18h
Local: Saída do andar térreo do Museu
18h/22h – Festa Rebola. Realizada por artistas visuais, a festa encerra o dia de inauguração com uma “entidade” - escultura feita de luzes fluorescentes, e música dançante que evoca os tambores da África e da Bahia.
Local: Térreo do Museu
Transporte
No dia da abertura da exposição e nos sábados com programação especial, ônibus sairão do Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo para a Colônia Juliano Moreira. A passagem custa R$ 20 por pessoa. Reservas e informações por email ([email protected]) ou pelo telefone 3432-2402.
No dia da abertura, o diretor Caio Riscado executará uma performance no trajeto entre o Centro da cidade e a Colônia.
4/6 – 434 - COMO - É QUE EU - DEVO FAZER UM MURO
Criação e direção: Caio Riscado.
Performers: Fred Araújo e Marília Nunes
Realização: MIÚDA.
Local: ônibus. Ponto de encontro e horários a confirmar com o Museu.
Serviço: Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras
Abertura: 04 de junho (6h/22h)
Período: de junho/2016 a janeiro/2017, de terça a sábado, das 10h às 17h
Endereço: Estrada Rodrigues Caldas, 3400, Colônia Juliano Moreira - Taquara - Jacarepaguá
Entrada franca
Classificação livre
Mais informações: 21.3432-2402 - [email protected]