Autor de livros importantes para gerações de pesquisadores e professores universitários que se dedicaram às relações entre cinema, literatura e América Latina, o crítico, jornalista, curador e ensaísta José Carlos Avellar morreu, aos 79 anos, nesta sexta-feira (18), no Hospital São Lucas, em Copacabana, em decorrência de complicações de um linfoma.
Avellar se consagrou como crítico de cinema do Jornal do Brasil por duas décadas. Foi diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), curador de festivais de cinema, autor de artigos em francês, espanhol, inglês e italiano e de livros como "O Chão da Palavra: cinema e literatura no Brasil", "A ponte clandestina - teorias de cinema na América Latina" e "O Cinema Dilacerado", entre outros.
Em "O Cinema Dilacerado", Avellar analisa as relações entre a literatura modernista e o cinema brasileiro nos anos 60. Como o crítico observou, a ruptura proposta pela literatura modernista já trazia em si, em sua forma de narrar, uma espécie de roteiro de cinema. Em 1922, uma frase atribuída a Mário de Andrade apontava o cinema como “a criação artística mais representativa de nossa época”.
Sua importância na crítica de cinema, na curadoria de filmes e na participação de festivais, como os de Veneza e Cannes, e no fazer cinematográfico foi reconhecida pelo governo francês. Em 2006, Avellar recebeu a condecoração Chevalier des Arts et Lettres.
Atualmente, Avellar era professor de linguagem audiovisual e história do cinema na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Centro do Rio. O crítico, sempre muito acessível aos admiradores de sua obra, era visto com frequência tomando café no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), de frente para a escola onde lecionava.
Avellar também mantinha a página na internet "escrevercinema" e era o responsável pela programação de cinema do Instituto Moreira Salles.
No Facebook, o crítico Carlos Alberto Mattos noticiou a morte de Avelllar e expressou a perda para os amantes do cinema, da literatura e da América Latina: "É com imensa tristeza que comunico o falecimento do colega crítico José Carlos Avellar. O Brasil perde um dos pensamentos mais lúcidos e inteligentes sobre o cinema. Estou me sentindo como um barco perdido no oceano sem farol", disse Mattos.