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'Martha Graham Memórias' é espetáculo único no Teatro Municipal

São 19 bailarinos que vão abordar a trajetória da coreógrafa norte-americana

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Numa criação inédita no Brasil, as companhias de dança Sociedade Masculina e Studio3 apresentam Martha Graham Memórias. Sob direção de José Possi Neto, o espetáculo inspira-se na trajetória da coreógrafa norte-americana Marta Graham – um dos mitos da história da dança moderna. Em cena, 19 bailarinos abordam o universo da artista a partir da infância, sua relação com a família, o aprendizado na dança, sua vida amorosa e, também, o reconhecimento mundial à sua produção artística.

A direção coreográfica de Anselmo Zolla optou por não reproduzir as coreografias originais de Graham, mas, sim utilizá-las como referência para a concepção da dança. Aliada ao cenário de Jean-Pierre Tortil, a ação remete ao universo onírico da coreógrafa, representadas por meio de portas que ora reduzem, ora ampliam o espaço físico, com os bailarinos transitando entre uma “grande sala” e compartimentos menores. Releituras musicais de Felipe Venâncio moldam a trilha sonora, predominantemente clássica e contemporânea, com obras de Enzo Gragnaniello e Niccolò Paganini.

Ao retomar os trabalhos com teatro-dança, José Possi Neto propõe uma leitura aberta sobre vida e obra de Martha Graham. “Em cena, ela vai vivenciar uma convulsão de imagens e sensações-memórias em frações de segundo”, antecipa o diretor. Na sua concepção, o palco serve como uma espécie de locação para esta travessia, que a cada fase de sua existência é representada por diferentes bailarinas.

“Para Martha Graham, a dança revela a paisagem interior, a alma do homem. É um símbolo de realização da vida, pois o instrumento pelo qual a dança fala é o mesmo pelo qual a vida é vivida, o corpo humano”, complementa Possi. No espetáculo, estes corpos dançantes estarão cobertos por quase uma centena de figurinos, assinados por Angélica Chaves. Eles representam a vida cotidiana e momentos lúdicos, traduzindo os contrastes de uma vida plena de amor à arte, à vida e, ao mesmo tempo, pontuada por desilusões.

A estrutura dramatúrgica das “memórias” traz ainda outras simbologias cênicas, como o salto de um trampolim, o trânsito na estação de trem e alegorias circenses, baseadas na autobiografia da artista, Memória do Sangue.

Martha Graham

Nascida na Pensilvânia (Estados Unidos), Graham revolucionou a história da dança moderna como dançarina e coreógrafa. Na sua busca por uma forma de expressão mais livre e honesta, fundou a Martha Graham Dance Company, uma das mais conceituadas e antigas companhia de dança na América.

Como professora, Graham treinou e inspirou gerações de grandes bailarinos e coreógrafos. Entre seus discípulos estão Alvin Ailey, Twyla Tharp, Paul Taylor, Merce Cunningham, entre outros. Colaborou com alguns dos mais conceituados artistas de seu tempo, como o compositor Aaron Copland e o escultor Isamu Noguchi.

Ao longo de sua carreira como bailarina e coreógrafa, ela criou mais de 180 trabalhos, de solos a produções em maior escala, nos quais ela procurava dançar a grande maioria. Martha deu à Dança Moderna um novo sentido e profundidade enquanto veículo de uma dança intensa e vigorosa, que primava por exprimir os sentimentos mais primordiais do ser humano.