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Excesso de lama e terra dificulta mobilidade de cadeirantes no Lolla

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Apesar dos elogios às equipes da produção e às áreas montadas exclusivamente para receber deficientes no Lollapalooza 2013, os cadeirantes têm tido sérias dificuldades para conferir suas bandas favoritas no festival. Isso porque o caminho que separa os principais palcos do evento estão, desde o primeiro dia, tomados por uma espessa lama - e as opções laterais, de areia branca, não facilitam muito as coisas.

"A gente não consegue ir de lá para cá, não tem ninguém para ajudar. Queria ver o Planet Hemp no Palco Butantã, mas estou preso", lamentou Caio Magno Ferreira da Silva, 25 anos, que em 2008 sofreu um acidente de carro responsável por paralisar todo o lado esquerdo de seu corpo, impossibilitando-o de caminhar, prejudicando sua fala.

"É o primeiro show dele desde o acidente. Infelizmente, não está nada fácil de aproveitar", lamentou a namorada de Caio, a enfermeira Valéria Silva de Castro, 26 anos, que o conheceu quando começou a ajudá-lo na reabilitação e com quem namora há um ano e meio.

Há 18 anos preso a uma cadeira de rodas, o bem-humorado Marcus Kerekes, 34 anos, também reclamava das mesmas dificuldades. Em frente ao Palco Cidade Jardim, o principal do evento, ele lamentava a possibilidade de, mesmo tendo um amigo para ajudá-lo no percurso, perder o show do Kaiser Chiefs, marcado para ocorrer no outro extremo do Jockey, às 17h15.

"Fui ver um show naquele mesmo palco na sexta, mas a cadeira afundava o tempo todo na ida. É praticamente impossível ir de um lado ao outro. Tive sorte de conseguir carona em um desses carrinhos de golfe com um integrante da produção", afirmou, ressaltando, no entanto, a grande atenção da equipe com o público portador de deficiência. 

"O staff está excelente. Nunca vi um pessoal tão preparado e atencioso. É a acessibilidade aos diferentes espaços o problema, mesmo que eu a tenha achado boa considerando a própria estrutura do Jockey."

Portador de uma doença congênita que nunca o permitiu caminhar, o Secretário do Estado de São Paulo para a Pessoa com Deficiência, Luíz Carlos Kassab, 34 anos, tem uma visão mais otimista em relação à estrutura geral. Frequentador assíduo de shows de rock desde os tempos da faculdade de direitou, ele vê uma evolução incrível no tratamento aos cadeirantes no Lollapalooza, apesar de ainda existirem dificuldades inerentes à só recente preocupação de organizadores de eventos com o problema.

"Quem reclama não tem ideia de como era antes. São 15 anos frequentando shows e digo que, antigamente, nem a área reservada existia. Claro, não é totalmente acessível, mas, perto do resto, é brinquedo. Até banheiro especial tem por aí", sorriu, observado pelo inseparável amigo Eduardo Costa, 34, já com vasta experiência em acompanhá-lo em festivais.