Quem acompanhou a série Família Soprano, do produtor de TV David Chase, não esquece o final do último episódio da famosa série de mafiosos, dois anos atrás, que foi encerrado abruptamente e sem reviravoltas na trama. Da mesma forma que impactou os telespectadores na ocasião, Chase aposta agora na direção de longas e, ao que tudo indica, começa bem sua carreira no cinema.
Seu novo trabalho, Not fade away, destaque da 50ª edição do Festival de Nova York (NYFF), consta da programação com o status de Peça Central, categoria destinada a um filme que prima pela inovação e criatividade.
O filme – produzido por Chase juntamente com Mark Johnson e ambientado nos anos 60 – acompanha um grupo de jovens que decide formar uma banda de rock, liderada pelo talentoso compositor e cantor John Magaro.
O diretor consegue um bom desempenho do elenco, formado entre outros por Jack Huston, Will Brill, Bella Heathcote, James Gandolfini, Brad Garrett e Christopher McDonald.
A trilha sonora é perfeitamente adequada à trama e a reconstituição da atmosfera que caracterizou a década também é muito boa, tendo Chase conseguido captar as atitudes desafiantes, os conflitos e os anseios da juventude, elementos já tratados em muitos filmes que abordaram o tema.
Chase ressalta sua satisfação de estar no festival, principalmente por integrar a 50ª edição na destacada posição de título central.
“Nem nos meus sonhos mais delirantes imaginei que isso poderia acontecer e acho que falo também em nome dos demais componentes do filme”, afirma o diretor, que sempre acompanhou o NYFF como espectador.
“Há bastante tempo frequento o festival que trouxe, para o público nova-iorquino, filmes que hoje estão entre os meus favoritos. É uma honra integrar o evento e agradeço a todos que me proporcionaram este momento”, reconhece.
Após ter retratado a máfia por tanto tempo em Família Soprano, o novo trabalho de Chase remete à sua trajetória de vida, mas ele ressalva que o filme não é propriamente biográfico, embora traga, sem dúvida, uma história bastante pessoal.
“Eu vivi a época e o que está no filme cala fundo na minha memória, já que traz de volta um período da música americana que eu considero um dos melhores já havidos”, afirma Chase, de 67 anos.
Rose Kuo, diretora executiva do Film Society of Lincoln Center, que realiza o festival, disse que é um privilégio ter Not fade away nesta edição.
“É um filme divertido, dominado pela música, e que oferece um retrato carinhoso e, ao mesmo tempo, complexo do turbulento universo dos anos 60”, definiu Kuo.