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Crítica: 'Flores do oriente'

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Descontados o título cafonérrimo - a tradução literal do original, 'Flowers of War' soaria muito melhor e mais de acordo -, a duração excessiva e exercícios estilísticos dignos de bocejo, Flores do Oriente, um drama de época na China pré-Comunismo, remete ao mais clássico cinema de guerra, explorando a jornada de um herói acidental.

O estilo rigoroso - projetado, calculado - de Zhang Yimou, diretor de O Clã das Adagas Voadoras, O Caminho para Casa e Lanternas Vermelhas, prefere o cânone que orientou A Vida é Bela de Roberto Benigni, por exemplo: seus protagonistas precisam achar um recanto que os proteja dos horrores, físicos ou mentais, do conflito armado, enquanto duas alternativas se colocam claramente: a morte ou a fuga - esta, improvável.

E é no limite do improvável, quase no milagre, que Yimou acha um herói.

O inglês Christian Bale, um estupendo ator, se encarrega do agente funerário que, contratado para cuidar do corpo de um padre católico, se vê no meio do Massacre de Nankim, o cerco militar imposto durante seis semanas pelo exército imperial japonês à então capital do país que hoje conhecemos como República Popular da China.

Pilhagem, estupro, milhares de corpos expostos sobre mais pura destruição. John Miller, o papa-defunto, roçando no estereótipo do "estrangeiro espertalhão no Oriente", se vê confinado a uma igreja, a se fazer passar por padre e obrigado a ajudar um grupo de colegiais chinesas e um adolescente sem família a fugir de Nankim. A performance de Bale é nada mais que a de um ator absolutamente maduro em sua prática, indo do desprezível ao digno de palmas e àquela furtiva lágrima de canto de olho.

Flores do Oriente, na tentativa do diálogo Oriente-Ocidente, leva práticas cinematográficas predominantemente americanas a outras praças. É bom. Universaliza a linguagem, embora não encha os olhos. É um filme capenga, algo emocionante, mas histriônico. 

Mas acredite: não demora, teremos um campeão de bilheterias chinês.   

Cotação: * (Regular)