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A cantora brasileira Marianne Ebert coroa carreira de 15 anos nos EUA

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Franz Valla* de Nova York, especial para Jornal do Brasil, Jornal do Brasil

NOVA YORK - O templo das artes musicais mais tradicional de Nova York, o Carnegie Hall inaugurado por ninguém menos que Tchaikovsky e cenário de grandes momentos da música do século 20, como shows dos Beatles e o lançamento da bossa nova no mercado internacional recebeu sexta-feira o recital de um talento brasileiro que há mais de 10 anos tem trabalhado no sentido de propagar a nossa cultura atraves da música. Marianne Ebert, atriz, cantora e dançarina carioca, apresentou o show Rhythms and sounds of Brazil, acompanhada de sua banda, no palco do Weill Recital Hall, com diversos gêneros da musica: samba, chorinho, frevo e muito forró. Metade das músicas apresentadas são conhecidas do publico versões de Tom Jobim e outros ídolos tradicionais. A outra metade foram composições inéditas dela, lançadas em CD. O show também incluiu um número de dança, outro talento de Marianne. A apresentação contou com a presença do cônsul brasileiro Osmar Choffi, que prestigia todas as apresentações artistícas brasileiras em Nova York, além de produtores atentos aos passos da cantora.

A trajetória da nova pequena notável, desde o curso de atriz no Teatro Tablado até chegar ao prestigioso palco nova-iorquino, é considerável. Ela mesma faz questão de ressaltar:

Pisar no palco de uma sala do Carnegie Hall é a consagração máxima para qualquer artista comenta Marianne, horas antes do show. O fato de me apresentar aqui me faz sentir mais madura com artista. Foi preciso dar um tratamento mais sofisticado às músicas.

O convite para se apresentar por uma única noite partiu do produtor William Maselli, que acompanha o seu trabalho há algum tempo. Ele trabalha principalmente com musica clássica, mas vê um potencial maior em Marianne:

Estou muito feliz e orgulhoso em trabalhar com ela disse durante os ensaios. A música brasileira é muito rica e Marianne sabe conduzir muito bem todos os seus ritmos.

Suas primeiras viagens eram no percurso que fazia sozinha de Ipanema à Cinelandia, onde fazia aulas de música, aos 8 anos, que logo viraram rotina quando ela começou a dar recitais de piano na Sala Cecília Meireles, ainda pequena. Durante a adolescência decidiu ser dançarina e se entregou às aulas. Tornou-se profissional e logo depois veio o teatro. Como contratada da Rede Globo, fez participações nas novelas Sonho meu, Barriga de aluguel e vários outros especiais. Ao mesmo tempo, excursionava com peças de teatro pelo Brasil. A viagem a Nova York (durante a Copa do Mundo de 1994, para visitar uma amiga) mudou a trajetória de sua vida.

Foram aparecendo trabalhos. Quando fui ver, acabei ficando 15 anos disse ela. Não foi fácil, porque tive praticamente que recomeçar a carreira do zero.

A princípio Marianne trabalhou como apresentadora em programas da TV comunitária. Mas foi como cantora que estabeleceu sua carreira. Através de André Alves, um promotor de festas brasileiras, conquistou noites exclusivas nas casas noturnas Cafe Wha e o Zinc Bar, onde até hoje se apresenta semanalmente. Em 2000, Marianne foi a voz das comemorações da passagem do milênio na Times Square foi convidada para ser a cantora oficial do evento.

Como atriz, recentemente participou de um episodio do seriado Law and order; o papel provavelmente vai virar uma aparição regular no programa. Trabalhou tambem no filme City island, de Andy Garcia, e Guerra dos mundos, de Steven Spielberg. Apesar de tudo o que já conquistou, sua apresentação no Carnegie Hall é visto por ela como o ponto mais alto em sua carreira, embora não esconda uma ponta de frustração com a falta de apoio para artistas brasileiros que sedimentam suas trajetórias longe do país:

É muito difícil divulgar o nosso país no exterior, como eu e vários outros artistas fazemos, com pouco ou nenhum respaldo de gravadoras e instituições que investem em cultura brasileira.