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Sucesso de comédias românticas brasileiras alavanca arrecadação

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(Carlos Helí de Almeida), Jornal do Brasil

RIO - Os donos de cinema devem estar sorrindo à toa. Empurrado pelo surpreendente desempenho de comédias românticas brasileiras como "Se eu fosse você 2", de Daniel Filho, "A mulher invisível", de Cláudio Torres, e "Os normais 2", de José Alvarenga Jr., o público de cinema em 2009 no Brasil deve ficar entre 109 e 111 milhões, o que representa um aumento de 25% em relação ao ano passado, que registrou cerca de 89,4 milhões de pagantes. As estimativas são do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro, e levam em conta os números apurados até novembro. O número final, que computará o desempenho de importantes lançamentos de dezembro, como "Avatar", de James Cameron, "Xuxa em o mistério de Feiruinha", de Tizuka Yamasaki, serão divulgados na segunda quinzena de janeiro.

Até o final do mês passado, cerca de 102 milhões de espectadores haviam entrado numa sala de cinema brasileira, deixando em caixa uma renda bruta de R$ 877 milhões; deste total R$ 129,3 milhões, ou 14,7% do montante, foram arrecadados por produções nacionais. O filme brasileiro vendeu cerca de 15,67 milhões de ingressos, um aumento de 80% em relação a 2008, quando foram vendidos 8,82 milhões de entradas. Puxado por sucessos de franquias como "A era do gelo 3", dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, que atraiu mais de 9 milhões de pagantes, e "Lua nova", de Chris Weitz, que já ultrapassou a barreira dos 6 milhões, os lançamentos estrangeiros acumulam 86,3 milhões de espectadores, uma renda de R$ 747, 7 milhões.

Em relação ao ano passado, tivemos um crescimento em torno de 25% no público geral e de 33% em bilheteria. Quando o cinema brasileiro cresce, o mercado como um todo cresce junto. Os bons lançamentos deste ano fizeram o público do cinema brasileiro quase dobrar. Saímos de 8,8 milhões para praticamente 16 milhões contabiliza Jorge Peregrino, presidente do Sindicato dos Distribuidores.

Projeções indicam que o audiovisual pátrio conseguirá reverter o ritmo de queda livre da participação do cinema brasileiro no mercado, que ano passado mal chegou aos 9% do total de ingressos vendidos no país, um total próximo ao de 2007. O recorde aconteceu em 2003, quando esta percentagem chegou a 21%. Estima-se que este ano a participação brasileira volte a se aproximar dos 20%. E o grande responsável por essa performance é a redescoberta, pelo público, de um filão menosprezado pela crítica: a comédia romântica.

O gênero ajudou a manter lá em cima a autoestima do cinema nacional este ano: somadas, as bilheterias de "Se eu fosse você 2" (6,138 milhões de espectadores), "A mulher invisível" (2,33 milhões) e "Os normais 2" (2,18 milhões), que encabeçam a lista, superam a arrecadação total de filmes nativos de todo o ano de 2008. No processo, o longa de Daniel Filho e estrelado por Tony Ramos e Glória Pires assumiu o recorde da retomada, que pertencia a 'Os 2 filhos de Francisco" (2005), de Breno Silveira, que fez 5,3 milhões de espectadores. Em 2006, o primeiro "Se eu fosse você" foi visto por 3,6 milhões de pessoas. Ao longo do ano, o segundo capítulo da franquia chegou a bater grandes produções americanas, como "Madagascar 2" (5,2 milhões de bilhetes) e "X-Men origens: Wolverine" (3 milhões).

O ano foi excelente para o cinema, não só no Brasil, mas no mundo todo, apesar da crise econômica. A quantidade de territórios que apresentaram queda de arrecadação foi baixa avalia Paulo Sérgio Almeida, do site Filme B, que concentra dados do setor. A grande novidade do mercado foi a entrada das classes C e D. É claro que de uma maneira tímida, mas elas têm frequentado mais as salas de cinema. O poder aquisitivo dessas faixas cresceu.

Entre os títulos nacionais com potencial para público em 2010, a partir de janeiro, estão "Lula, o filho do Brasil", de Fábio Barreto, "High school musical O desafio", de César Rodrigues, "Chico Xavier", de Daniel Filho, "Tropa de elite 2", de José Padilha, e "O bem amado", de Guel Arraes. Só este último é uma comédia.

O panorama muda completamente, há poucas comédias à vista. O ano de 2009 foi da comédia, gênero que não deveríamos abandonar nunca - entende Almeida.