Jornal do Brasil
RIO - Um thriller de inspiração sobrenatural pôs fim à sequência de filmes experimentais ou de cunho autoral que têm marcado as noites da Première Brasil. Inspirado no detetive criado pela imaginação literária de Tony Bellotto, Bellini e o demônio, de Marcelo Galvão (diretor de Quarta B), fez sua estreia anteontem para uma plateia afoita para ver o protagonista Fábio Assunção em sua fase pós-rehab. Nesta nova aventura, Bellini é assombrado por visões diabólicas, num caso que remete ao Livro da lei, de Aleister Crowley (1875-1947), britânico envolvido com magia negra.
Em termos estéticos e dramatúrgicos, o filme é radicalmente diferente do primeiro, dirigido por Roberto Santucci, vencedor do Festival do Rio de 2001. A câmera repete as oscilações de certos seriados americanos de TV moderninhos e a trama lembra vagamente o contexto de Coração satânico (1987), de Alan Parker, no qual Mickey Rourke perseguia vilões sobrenaturais para descobrir, no fim, estar ele mesmo envolvido nos crimes. Caroline Abras, jovem atriz revelada nos curtas de Esmir Filho, eleita Melhor Atriz no festival do ano passado por Se nada mais der certo, é o principal nome feminino no elenco.
Teodoro Fontes, produtor dos dois filmes com Bellini, tomou o centro do palco do Cine Odeon e disse já se sentir vencedor por ter estreado no Rio. Galvão, também autor do roteiro, promete, no entanto, uma nova versão de Bellini e o demônio.
Fiquei muito feliz com o resultado que conseguimos tirar dos atores, em especial do Fábio e da Carol, e isso é algo que pode ser visto nessa versão do filme. Porém, tenho na cabeça um filme com outro ritmo, uma outra pegada e um final diferente. Espero ter a chance de mostrar essa montagem.