ASSINE
search button

Kiss: cai a máscara

Compartilhar

Leandro Souto Maior, JB Online

RIO - Circula por aí a lenda de que a ideia de se apresentar com maquiagem cobrindo o rosto inteiro e não se mostrar em público sem ela marca eternizada mundialmente pelo grupo Kiss na década de 70 foi copiada do brasileiro Secos & Molhados. Nos debates das mesas de bar à internet, ufanistas acusam de antinacionalistas os que não dão crédito ao suposto pioneirismo do grupo brasileiro. De fato, o primeiro álbum do Secos foi lançado em agosto de 1973, enquanto o debut da exagerada banda americana que toca na Praça da Apoteose no dia 8 de abril data de fevereiro de 1974.

Nunca ouvi falar dessa história e nem do grupo sustenta o guitarrista, vocalista e membro fundador Paul Stanley, por telefone, ao Jornal do Brasil. - Mas, se eles foram número 1 em vendagens e são tão queridos até hoje, deve se tratar realmente de uma banda muito boa.

Aqui, tanto Ney Matogrosso quanto o músico Zé Rodrix que participou das gravações do Secos & Molhados afirmam que, num show do grupo no México, foram procurados por gringos que seriam empresários ou os próprios integrantes do Kiss na missão de espionar os brasileiros. É só ver a data de lançamento dos dois discos e ver quem surgiu primeiro , disparou Ney no programa Som do vinil, do Canal Brasil, capitaneado por Charles Gavin.

Acredito se tratar de um sentimento geral da época querer buscar um diferencial. Diversos artistas estavam se maquiando minimiza Stanley.

Apesar dos indícios, registros comprovam que, desde 1972, quando ainda tocava em pequenos botecos em Nova York, o Kiss já vislumbrava fazer algo original para se destacar no cenário. O Secos & Molhados começou a se maquiar só em 1973. Não conseguíamos realmente avaliar o que estávamos fazendo, mas sabíamos que não queríamos ter a aparência de uma banda comum , conta o baixista Gene Simmons, na biografia oficial Por trás da máscara.

A controvérsia é eterna. Assim como a fama dos mascarados americanos.

O Kiss é atemporal define Stanley. Mostre uma foto nossa para qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, e ela lhe dirá o nome do grupo. A banda é maior do que seus integrantes. Por isso resolvemos manter as maquiagens dos membros originais para qualquer novo integrante na banda. É como se fossemos super-heróis. Ninguém precisa saber nossa identidade secreta.

Na formação do Kiss que virá ao Brasil, o guitarrista Tommy Thayer e o baterista Eric Singer assumem as facetas de Ás do Espaço e Homem Felino dos primeiros integrantes, Ace Frehley e Peter Criss, respectivamente.

Os fãs querem isso atesta Stanley. Nesta turnê comemorativa de 35 anos queremos tocar todas as canções mais especiais da primeira fase da nossa carreira. Queremos que os fãs se sintam num show do Kiss dos anos 70. Se estamos aí até hoje, fazendo turnês e arrebatando apreciadores no mundo inteiro, é porque temos algo especial a oferecer, não?

Stanley assegura que ele e Simmons continuam grandes amigos. Saem para se divertir e visitam um a casa um do outro, a despeito de nunca ter aparecido no reality show Family jewels, que o baixista comanda na TV americana.

Simmons me convidou diversas vezes. Queria muito que eu participasse, mas priorizo minha privacidade. Nem eu nem minha família participamos desse tipo de atração.

Não somos heavy metal

Os kissmaníacos sabem, melhor do que ninguém, que o som de seu grupo predileto, muitas vezes associado ao heavy metal ou vertentes mais pesadas do rock em publicações e artigos ao redor do mundo na verdade não se assemelha aos expoentes desses gêneros. Impressão que Paul Stanley faz questão de atestar.

Realmente não sei por que somos chamados de heavy metal ou hard rock. Somos uma banda que toca muito alto, mas temos muito mais afinidades com o rock mais tradicional dos Rolling Stones ou The Who.

Polêmicas e denominações à parte, o guitarrista indica que vem aí mais um show histórico.

Ninguém vai se desapontar. Será melhor do que da última vez que estivemos por aí garante, lembrando a última passagem do grupo pelo Brasil, em 1998. Na ocasião, o Rio ficou de fora. Depois da turnê, entramos em estúdio em setembro para gravar novo álbum. Ainda está sem título, mas o material é muito clássico, nos moldes dos primeiros tempos. Todas as composições são apenas dos integrantes do Kiss e estou cuidando pessoalmente da produção para que ele saia com essa sonoridade.