Heloisa Tolipan, JB Online
RIO - Não, o poeta Omar Salomão não pretende navegar em mares nunca dantes navegados. Mas agora a diferença é que ele está na proa de uma geração de jovens artistas que diz muito bem a que veio.
Em maio, Omar filho do poeta Waly Salomão, morto em 2003, e sobrinho do também bel-letrista Jorge Salomão lança, pela editora Língua Geral, seu segundo livro de poesias, Impreciso, depois de estrear com À deriva, em 2005. Para ele, uma investigação do universo onírico. "Sou um cara que sonha muito. As pessoas brincam que me vêem falando sozinho no meio da rua... Desenvolvi a idéia da imprecisão que o sonho traz. Gosto da costura do sonho com a realidade, do lance meio Matrix de ver por entre as coisas", filosofa. Mas nada de declamações. Recitar 'a seco' os próprios poemas nunca foi a onda de Omar: "É desconfortável. Nunca me senti bem falando poesia do nada para as pessoas".
Aí é que entram os acordes do VulgoQinho&OsCara, banda da qual o poeta faz parte e que abrirá o show dos Orishas, nesta sexta, no Oi Noites Cariocas, no Pier Mauá. "O fundo sonoro da banda torna a deglutição da poesia falada mais fácil. A maioria dos poetas lê mal à capela. A música dá outro gosto", ele garante. Prosa à vista? "Todo mundo que escreve tem uma pitada de vontade de lançar um romance. Mas não sei se teria a disciplina e a cara-de-pau para sentar e concluir um livro de prosa. Minha autocrítica também não me permitiria...".