Lynn Hirschberg - New York Times, JB Online
NOVA YORK - O primeiro cão a gente nunca esquece. É o que aprende a personagem da atriz californiana Jeniffer Aniston na comédia Marley & eu, em cartaz nos cinemas brasileiros. O filme, uma adaptação do best-seller homônimo de John Grogan, conta a história de um jornalista que, ao lado de sua mulher, resolve adotar um cão para sentir o gosto da paternidade. O ator Owen Wilson interpreta o marido de Jennifer, e a dupla vive o misto de caos e alegria com a chegada do mascote em suas vidas. O livro que já tinha caído nas graças dos leitores mostra fôlego igual nas bilheterias. Estreou no Natal e, logo no primeiro final de semana, conquistou o segundo lugar na lista dos mais assistidos do Brasil.
Uma das últimas capas da Vogue americana, a ex-mulher de Brad Pitt fala sobre suas primeiras experiências na televisão, a influência do pai na sua carreira, Friends o seriado que a projetou para o sucesso , Marley & eu e seu próximo filme He's just not that into you.
Seu pai, John Aniston, era ator de televisão quando você era criança?
Não. Quando eu era criança ele vendia aspirador de pó de porta em porta, não conseguia ganhar dinheiro suficiente como ator. Mas o meu padrinho, Telly Savalas, arrumava alguns trabalhos para ele, como no Kojak. Meu pai também era amigo da Marlo Thomas. Foi por isso que ele ganhou um papel na série That girl. Foi muito legal quando a Marlo interpretou minha mãe em Friends.
Você assistia a seu pai na TV?
Estudei no Rudolf Steiner School, em Nova York, e lá você não pode ver TV. Mas um dia estava doente em casa e assisti a meu pai em That girl. Queria contar para a minha mãe, mas tive que guardar segredo.
Quando foi a primeira vez que você apareceu na TV?
Meu pai acabou virando ator de novela. Numa delas, participei de uma cena que se passava num pista de skate. Sem teste. Foi nepotismo.
Sonhava estar no cinema em vez de fazer televisão?
Não. Nunca. Tinha o Mary Tyler Moore e o Rhoda. A TV parecia legal.
Você gravou muitos pilotos antes de Friends?
Sim. Tenho meu cemitério de sitcoms. Antes de mudar para Los Angeles, entrei no elenco de um programa chamado Molloy. Fazia a irmã mais velha mimada do protagonista. Durou seis episódios. Depois fui a Jeanie, a irmã malcriada de Ferris Bueller, em uma versão para a TV de Curtindo a vida adoidado. Durou quase uma temporada.
Você tem a sorte de 'Friends' ter sido um grande sucesso. Você poderia ser Jeanie Bueller para sempre.
Isso seria o pior. Quando você aceita um papel em um piloto, você automaticamente assina o contrato por cinco anos. É assustador se comprometer com um programa que você não sabe se vai querer participar ao longo desse tempo. Por isso, Friends foi ótimo. Durante a primeira semana de filmagem, pensei: vou ficar de coração partido se não continuar .
Você ainda assiste a Friends?
Sim. Às vezes nem lembro do episódio. Choro de rir com algumas cenas. Entro em discussões com pessoas que estão fartas das reprises e dizem que Friends já era.
Você acha a fama da TV diferente da do cinema?
A fama da TV é estranha porque você está na casa das pessoas. No cinema, elas sentem que você é intocável. Existe uma intimidade com a televisão.
Durante o enorme sucesso de Friends você ficou ansiosa para aproveitar sua popularidade no cinema?
Pensava que nunca chegaria ao cinema. Depois, começaram a pensar que eu podia interpretar a garota nos filmes de Jim Carrey e Ben Stiller.
E agora você está com Owen Wilson em Marley & eu. Você leu o livro?
Dei o livro de presente quatro vezes. Mas não queria ler um livro sobre um cachorro. Quando me mandaram o script, pensei vou começar . De repente, estava chorando. Trabalhamos muito duro para que o filme não focasse apenas no cachorro.
Seu outro filme, 'She's just not that into you', que estréia nos Estados Unidos em fevereiro, é baseado em uma fala de um episódio de Sex and the city.
Na verdade, o nome do filme é He's just not that into you! ( Ele simplesmente não está a fim de você ). Infelizmente, pois o outro título seria mais forte.
Outra tela que ganhou destaque desde 'Friends' foi a do computador. A fama na internet a chateia?
É aí que sou sortuda. Sou realmente analfabeta em computadores. Quando vejo pessoas trabalhando em blackberrys como meninas manuseando um secador de cabelo, fico chocada. Já recebi clips do (site de humor) Funny or Die e do YouTube, mas nunca procuro. Amei aquela menininha no clip do Will Ferrell no Funny or Die, mas estou satisfeita apenas checando meus e-mails.
E alguma coisa sobre site de relacionamentos, como Facebook?
Não é para mim. Estaria me expondo muito. Não quero soar antiquada, bloquearia o acesso a várias coisas, claro. Adoro jogar Scrabble e pôquer. Só descobri o Nintendo Wii recentemente. Sou atrasada.
O quanto você odeia câmeras e telefones?
O melhor é quando as pessoas fingem estar no celular, discam e tiram foto ao mesmo tempo. Só espero que elas estejam tirando a foto para elas.
Acha que 'Friends' faria tanto sucesso se fosse ao ar hoje?
Difícil dizer. Aquela foi uma época diferente. Agora, a TV está muito ligada a celebridades. Temos os reality shows, em que as pessoas tentam ficar famosas, celebridades dançando e ex-famosos tentando voltar a ser conhecidos. Agradeço a Deus por programas como (o premiado seriado de humor) 30 Rock.
Você interpretou a colega de quarto de Tina Fey (roteirista e atriz de '30 Rock').
Isso. Meu personagem perseguia o personagem de Alec Baldwin. Se tivesse um namorado, eu iria querer ele para mim.
É bom voltar para a TV?
Estava voando para Nova York e pensando como queria trabalhar na cidade de novo. No dia seguinte, recebi a ligação com o convite para participar de um episódio de 30 Rock que seria gravado lá. Foi muito divertido. Acho que o tamanho das telas não importa.