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Domingos Oliveira lança longa e caixa de DVDs

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Carlos Helí de Almeida, JB Online

RIO - Juventude e maturidade de Domingos Oliveira acabam de ser reunidas numa caixa de DVDs com quatro títulos, organizada pela Casa de Cinema de Porto Alegre, exibindo obras representativas de duas fases bem distintas do ator, escritor e diretor de teatro, TV e cinema.

O lançamento é quase simultâneo a Juventude, seu 13º longa-metragem (nos cinemas a partir do dia 25), que discute justamente memórias e resgate do passado. Uma espécie de Confissões de adolescente, mas agora com homens de meia-idade, já que narra o reencontro de três amigos (Paulo José, Aderbal Freire Filho e Domingos) de longa data para um balanço de vida.

A impressão que comecei ontem é muito intensa. Ainda tenho vontade de fazer muitas coisas. Esse ímpeto era menor quando eu era jovem declara Domingos. Acho que os garotos assistem a meus filmes em busca de respostas porque nos vêem como pessoas mais sábias, que já resolveram todos os problemas, e descobrem que não é nada disso, que as dificuldades não acabam com a idade. Os meus problemas com mulher e dinheiro, por exemplo, são os mesmos que os deles, e daí surge a identificação.

Era predominantemente jovem o público que aplaudiu e riu com seu novo longa, durante as exibições do filme nos festivais de Gramado (agosto) e do Rio (setembro). Ainda assim, Domingos Oliveira diz que sempre se encarou como um autor sem discípulos. Até que assistiu a Apenas o fim, do estreante Matheus Souza, de 20 anos, que ganhou o prêmio de público no último Festival do Rio.

O cara filma igualzinho a mim, usa o mesmo tipo de narrativa e só fala sobre o que conhece descreve o carioca de 72 anos, durante um dos intervalos de sua próxima montagem teatral.

Matheus virou um assistente tão bom que o coloquei no papel que eu mesmo ia fazer na peça O apocalipse segundo Domingos de Oliveira, que estréia em janeiro. Agora ele será Deus!

O estilo particular do diretor que não mudou radicalmente com o passar dos anos está claro na caixa de DVDs, que reúne quatro obras de Domingos: a primeira fase do diretor é representada pelo já clássico Todas as mulheres do mundo (1966), que botou o nome de Domingos pela primeira vez na marquise de um cinema, e Edu, coração de ouro (1968), ambos protagonizados por Paulo José. A segunda, por Amores (1998) e Separações (2002), estrelados pela nova trupe de parceiros do diretor, encabeçada por sua musa e mulher, Priscila Rozembaum. Esses dois marcam o retorno de Domingos à atividade cinematográfica, depois de longo período dedicado à TV e ao teatro Todos têm sua importância dentro da carreira do artista.

Todas as mulheres do mundo me fez famoso, me fez o profissional que sou. E foi uma tentativa de reconciliação com Leila Diniz, com quem eu estivera casado explica. Não voltamos, mas viramos grandes amigos. Edu foi minha experiência com o fracasso, depois de um grande sucesso. E me é muito caro porque foi inspirado na vida de um amigo meu, o Eduardo Prado, que escreveu o roteiro. Esses dois filmes me deram a certeza de que eu sabia filmar.

A retomada (particular) de Domingos o iniciou em novos processos mercadológicos e tecnológicos:

Amores me fez descobrir a possibilidade do baixo orçamento. Mas, para mim, Separações, minha primeira experiência com o digital, é o meu melhor filme. É o mais profundo de todos os que já fiz. A relação entre separação (conjugal) e a morte muito interessante.