Rachel Almeida, JB Online
RIO - Maria Mariana chega ao Teatro dos Grandes Atores, na Barra, Zona Oeste do Rio, para esta entrevista cercada por crianças todas suas: Clara Maria, 8 anos, Laura, 6, Gabriel, 4 e Isabel, 1. De férias, animadas, estão acompanhados por uma babá, que não dá conta do quarteto sozinha, e uma produtora é logo convocada para ajudar a cuidar do séquito. Estão ali os quatro motivos que levaram a escritora e atriz a deixar a carreira em suspenso salvo trabalhos eventuais por quase uma década. Mas a volta da filha de Domingos Oliveira está ensaiada para 2009, começando pela remontagem do trabalho que a consagrou, a peça juvenil Confissões de adolescente. Baseado em seus diários, o espetáculo, em que dividia a cena com Ingrid Guimarães, Carol Machado e Patrícia Perrone, ficou quase 10 anos em cartaz, atraindo aproximadamente 800 mil espectadores.
Fiquei na peça os dois primeiros anos e depois o elenco foi mudando. Mas até hoje, na rua, tem gente que lembra, que quer ver o espetáculo de novo garante a autora, de 35 anos, que até estranha a volta a um camarim para posar para a foto ao lado. Passei uma década da vida amamentando. Agora é hora de cuidar da profissão de novo. Achei interessante retomar Confissões de adolescente agora que eu sou uma nova Mariana. Com um entendimento do que é a maternidade.
De atriz a diretora
Trocando Macaé onde viveu os últimos anos ao lado do marido, o médico André Pessanha por Vargem Grande, Maria Mariana planeja reestrear a peça em 8 de março, data em que a produção comemora seu 17º aniversário. A idéia é voltar para o palco da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, onde o espetáculo, que depois virou best-seller e seriado de TV, fez sua primeira temporada. Desta vez, não vai estar em cena. Quer assumir o posto de diretora ainda não sabe se sozinha ou ao lado do pai, que dirigiu a primeira versão.
Esta peça sempre esteve muito ligada ao trabalho em conjunto. Além disso, meu pai está comemorando minha volta revela. Toda vez que eu engravidava, ele lamentava: Minha filha, teve um começo de carreira tão promissor e agora está em casa... .
Durante a última década de reclusão, saiu da toca grávida de Laura para fazer a peça Memórias da barriga, que escreveu e dirigiu ao lado de Cristina Bethencourt. Entre a gravidez de Gabriel e de Isabel, interpretou a Ana, mãe do Menino Maluquinho na série que leva o nome do personagem, exibida na TVE (Hoje TV Brasil), em 2006. Durante esse tempo, nunca parou de escrever atividade à qual pretende se dedicar ano que vem. Já tem projeto para o lançamento de quatro livros.
O primeiro, claro, é sobre maternidade, e as negociações com uma editora já estão adiantadas conta. Tenho dois infanto-juvenis, um deles escrito em parceria com a minha filha Clara. E um infantil, que já está pronto.
Para a nova Confissões de adolescente, pensa em fazer alterações.
É claro que o básico vai estar lá, senão seria mais fácil escrever uma outra peça. Mas estamos examinando o que mudou no universo adolescente explica. Hoje, você põe um filho na vida muito cedo. Há mais liberdade sexual, outros tipos de relacionamento possíveis com invenções de ferramentas como orkut.
A minha rebeldia na época não seria a mesma hoje. Digo que a peça é uma reencarnação: o mesmo espírito em um outro corpo.
Elenco em teste
No começo de novembro, Maria Mariana e o produtor Fernando Gomes (que também esteve à frente da primeira versão do espetáculo) começaram os testes para a escolha do elenco, que ainda não está fechado. A seleção é feita entre atrizes com menos de 20 anos e a autora está de olho em quem tem a personalidade das quatro personagens.
Eu fazia a parte mais transcendente, da reflexão; a Carol falava da sedução, a Ingrid, claro, era responsável pelos momentos mais engraçados e a Pati, que hoje é advogada, tinha a vitalidade adolescente descreve. Procuro atrizes que se encaixem nesse perfil. Peço às meninas que façam suas próprias confissões.