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'Poderoso chefão' da Record recria bastidores da máfia

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Fernanda Pereira Carneiro, Jornal do Brasil

RIO - Em 1972 o cineasta Francis Ford Coppola, ainda sem um filme de expressão na carreira, garantiu seu nome na posteridade ao lançar o primeiro dos três longas sobre a saga da família Corleone, O poderoso chefão, citado freqüentemente entre as maiores obras da história do cinema. A atração pelos bastidores da máfia continua seduzindo o público fenômeno que transformou a série Os Sopranos em sucesso de audiência. É nesse filão que a teledramaturgia da Record aposta ao usar como referência para sua próxima novela o livro Honra ou vendetta, publicado por Silvio Lancellotti em 2001. A obra aborda, num misto de ficção e fatos reais, o dia em que um atentado mata a mulher e os três filhos de Tony Castellamare, um mafioso da velha tradição italiana. O dramaturgo Lauro Cesar Muniz, amigo íntimo de Lancellotti, fez uma fusão da trama do escritor com outra de sua própria autoria para compor a novela Vendetta (título provisório), prevista para estrear em março de 2009.

Na época em que li o romance eu estava contratado pela Globo e apresentei o projeto para uma minissérie, mas não houve interesse relembra Muniz. Quando fui convocado para escrever a novela da Record, lembrei-me do romance do Sílvio e ao juntar com uma idéia minha surgiu um novo projeto, diferente do anterior, original e interessante.

O diretor Ignácio Coqueiro diz que o longa de Coppola também influenciou o folhetim, mas que o enredo foi ligeiramente mudado.

A novela não retrata a máfia dos anos 50 e 60, mas a moderna, informatizada adianta Coqueiro. Nós fomos além do glamour de O poderoso chefão até no figurino, que é bem atual. Mostramos algo que está presente no nosso dia-a-dia.

Explosão em Palermo

A trama tem como ponto de partida a cidade de Palermo, na Itália, cenário onde o brasileiro radicado Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes) seria assassinado por ser suspeito de ter ligações com a máfia. O atentado é interceptado pelo delegado especial da Polícia Federal brasileira Téo (Tuca Andrada), chefe da operação que investiga uma poderosa conexão do narcotráfico. Numa ação rápida, o delegado evita que Tony morra na explosão de uma bomba em seu carro, mas não consegue evitar o pior: Marina (Daniela Galli), a mulher do suspeito, e suas duas filhas estão no automóvel e morrem no atentado.

Téo é um cara honesto, que vai para a Itália pois acredita que lá vai encontrar as possíveis respostas para destrinchar esse mistério adianta Andrada. No momento em que ele salva Tony, a história dos dois se entrelaça. Mas, quando o mafioso descobre que a ordem para matá-lo partiu do Brasil, decide se vingar.

O realismo e a agilidade presentes nas cenas de ação são ressaltadas pelo diretor. Ele revela que, além da equipe brasileira presente na região, a Record contratou uma italiana.

Poder materializar o que está no papel é incrível e a interação entre as equipes foi fundamental. Conseguimos gravar com qualidade e estar na Itália atribuiu uma atmosfera mais próxima ainda da realidade. O Lauro fez uma trama muito bem detalhada, com a máfia conduzindo, mas também com doses de romance e conflitos.

Além de Téo, quem também presencia a explosão é Lígia (Miriam Freeland), uma jornalista que está na cidade de férias e recebe a notícia de que há uma bomba num iate. Depois de constatar o alarme falso, ela vê o aparato explodir.

É aí que os caminhos dela se cruzam com o do Téo, pois eles têm o mesmo objetivo: desvendar o acidente diz Miriam. Ela pelo viés jornalístico e ele pelo da polícia.

A atriz comenta ainda que fez uma ampla pesquisa para mergulhar no universo da personagem. Além de ler a obra de Lancellotti, Miriam comprou outra com registros de casos executados pela máfia.

A grande vantagem de ser atriz é que o trabalho permite aprender coisas novas o tempo todo diz. E a grande façanha dessa história é que o contexto é muito atual ao mostrar que os mafiosos são pessoas comuns, que podem estar parados na esquina. Você olha e nem imagina que eles carregam tantas mortes nas costas.

Se de um lado Tony é perseguido, de outro sua mulher Marina sofre ao constatar que é casada com um estranho. Condessa da região de Salaparuta, ela pertence a uma família muito rica, mas sem ligações com qualquer tipo de corrupção. Apesar de Marina morrer já no primeiro episódio, sua participação é intensa.

Ela é uma mulher forte e necessária para que se desenvolva o resto da trama atesta Daniela. Eu já havia morado na Itália e pude constatar que, embora não seja mais tão tradicional, o tema é algo que ainda existe sob forma de corrupção e manipulação política.

O elenco também tem a participação de Paloma Duarte, Marcelo Serrado, Adriana Garambone, Bete Coelho, Petrônio Gontijo, Patrícia França, Gracindo Júnior, Antônio Abujamra, Cecil Thiré, Nicolas Siri, Fernanda Nobre e Miguel Thiré.