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Aventuras do meio indie carioca em quadrinhos

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Ricardo Schott, JB Online

RIO - O quadrinista carioca Fábio Lyra retratou todo um universo indie carioca nas aventuras de sua personagem, a Mônica - ou Menina Infinito, como diz o título das histórias.

Lançada em 2003 pela saudosa revista em quadrinhos Mosh, ela freqüenta locais típicos dessa galera, como a Casa da Matriz, em Botafogo, e o sebo Baratos da Ribeiro, em Copacabana devidamente desenhados nas histórias dela, que agora saem em livro. O álbum Menina infinito, com histórias inéditas da garota, sai agora pela editora Desiderata e é lançado com um evento na própria Baratos, no sábado, com participação das bandas Alice, Laura Palmer e Supercordas.

Minha idéia era só fazer uma personagem pé-no-chão, que tivesse problemas, fosse ao banheiro, acordasse de mau humor e lidasse com problemas comuns diz Lyra, que apesar de mostrar muito bem uma geração que está na casa dos vinte e poucos anos e freqüenta locais conhecidos da cidade, não crê que a Menina Infinito seja um retrato de nada. Muita gente, em especial as meninas, diz que se identifica com a personagem, mas não foi algo proposital.

A identificação com a personagem (que, por sinal, não pára em nenhum emprego e vive cheia de problemas amorosos) fez com que, em 2004, a Mosh realizasse um concurso da Menina Infinito Cover realizado na própria Baratos da Ribeiro. As meninas deveriam se parecer fisicamente com ela e responder um questionário. Quem ganhou foi uma jovem advogada.

Foi até engraçado, porque essa menina tomou atitudes típicas da Mônica. Apareceu no dia do concurso reclamando "como vocês podem fazer um concurso para trazer uma personagem dos quadrinhos para o mundo real?". Aí falamos que ela poderia se inscrever, e ela ganhou diz, rindo, Lyra, que não pretende nem resolver os problemas amorosos da

Menina, nem rotulá-la. Assim ia perder a graça, né? Mas se quiserem, podem chamá-la de indie, de alternativa. Não revelo nem o motivo das histórias se chamarem Menina Infinito, isso é a pergunta de um milhão de dólares.

Além dos quadrinhos, Lyra, que tem 32 anos, trabalha com ilustração. Quando começou a escrever na Mosh, desengavetou uma série de histórias suas antigas e passou a se dedicar às HQs com mais freqüência. Antes do álbum da Menina, havia desenhado, a convite também da Desiderata, a quadrinização da história da Rapunzel no livro Irmãos Grimm em quadrinhos, ano passado. Hoje espera o dia em que poderá viver apenas das histórias.

Quadrinho autoral no Brasil é muito complicado de se fazer. Desenhar dá certo quando você trabalha com alguma empresa grande, como Mauricio de Sousa Produções ou Marvel diz ele, que.

Apesar de Mônica ser um produto indie tipicamente carioca, Lyra diz que o objetivo é que ela seja lida em todos os lugares.

Tenho leitores de todos os lugares do país. Tem cenário que podem ser reconhecios por quem mora no Rio, mas tento colocá-la em locais mais genéricos afirma o quadrinista, que é fanático por rock e usa a Menina Infinito para passar algumas de suas idéias sobre música. Sempre que falo de alguma banda em alguma HQ, pode crer que é minha opinião.

O lançamento do álbum da Menina Infinito ocorre neste sábado, a partir das 17 h, na Baratos da Ribeiro (Rua Barata Ribeiro 354, Copacabana). Informações pelos telefones 2256 8634 ou 2549 3850.