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Pedro Luís retoma seu trabalho com o grupo A Parede e lança CD

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Ricardo Schott, Jornal do Brasil

RIO - Não é hora de batucada. E não é porque estamos distantes do carnaval. Sai o Monobloco, volta à cena Pedro Luís e seu grupo A Parede. Ponto enredo, que sai em setembro, é o quinto disco dos caras, e também soa como o filho mais querido do grupo, que, pela primeira vez, embarca numa produção independente. Gravado no estúdio Corredor 5, no Leblon, e produzido por um velho amigo da banda, o cantor e compositor Lenine, o álbum é o primeiro fruto discográfico da PLAP Produções. A idéia de Pedro (violão e vocais), Mário Moura (baixo), Sidon Silva, C.A. Ferrari e Celso Alvim (percussões) e do guitarrista Léo Saad, que se junta à galera a partir deste trabalho, é lançar por conta própria, caso decidam não se unir a uma gravadora.

Estamos apostando na independência. Nos envolvemos com tudo, da composição à parte burocrática. É um álbum redefinidor para nós, em todos os sentidos diz Pedro Luís, que aproveita as lições do Monobloco, grupo do qual os membros da PLAP participam. Fazemos o Monobloco com nossa estrutura e queremos o mesmo para a Parede. Antes, a Parede chamava fãs para o Monobloco, e hoje ele tem vida própria.

Disco mais popular

Em boa parte de Ponto enredo, fica claro que o samba é um dos elementos fundamentais do som de um grupo que se define como batucada brasileira com pegada rock'n'roll .

Esse disco tem realmente uma vocação mais popular do que os outros admite Pedro, afirmando que o trabalho feito com Ney Matogrosso no CD/DVD/show Vagabundo ajudou bastante nisso. Nosso espectro de público foi bastante aberto pela turnê com Ney. Muita gente que foi vê-lo com a gente se tornou nosso fã. E tivemos a oportunidade de aprender bastante com ele, que é um artista que pensa no assunto de cada música, de cada parte do show.

Essa vocação popular , ligada diretamente ao samba, aparece em composições de Pedro pesadas e suingadas como Santo samba e Repúdio e em canções com acento umbandista como a faixa-título e a belíssima Luz da nobreza, composta por Pedro e Zé Renato e que tem a participação de Roberta Sá, namorada do vocalista da PLAP. Já Ela tem a beleza que nunca sonhei, outra composta apenas pelo cantor, é um sambalanço renovado, com bateria forte e participação de Serginho Trombone e de Zeca Pagodinho. Que quase transforma a música numa pérola de seu repertório.

A divisão vocal dele é maravilhosa, a gente não acreditou diz Pedro, que também riu bastante ao lado do sambista. Mandamos a música para o Zeca e, no estúdio, perguntamos se tinha gostado. E ele: Ih, nem ouvi, mas aprendo rápido. Mas peraí, deixa eu tomar uma cerveja! . E foi rapidinho.

Estaria a PLAP, que sempre foi um dos nomes mais significativos da música carioca, se transformando de vez num grupo de samba? Celso brinca com o assunto:

A gente chegou a pensar: Vamos gravar o disco como se fosse uma roda de samba diz. As primeiras músicas que o Pedro nos mostrou foram os sambas.

Pedro diz que o grupo não quer ficar embandeirada com rótulos.

Não somos um grupo de samba. Nosso objetivo é fazer samba do nosso jeito, com a nossa estrutura explica.

De fã para fã

Leo Saad, guitarrista e velho amigo do grupo foi integrante da banda Boato, que começou junto com a PLAP nos palcos cariocas, no começo dos anos 90 emprestou peso. Suas guitarras fizeram a diferença em vários momentos do novo disco.

Tive espaço para experimentar muitas coisas. Tirar som do amplificador, colocar delay ao contrário diz Saad. E, como também sou percussionista, tenho bom entendimento da banda.

Quem está orgulhosíssimo do trabalho é o produtor Lenine, que conhece Pedro Luís há tempos o cantor fez vocais e percussão de boca em Chuva de bala, do primeiro disco da banda, Astronauta Tupy (1997).

É um disco que já nasce clássico, parece até que foi gravado ao vivo. A PLAP é uma banda de rua define Lenine. A porção samba carioca deles está cada vez mais evidente. E o discurso está bastante afiado, o Pedro conquistou uma maturidade enorme na hora de compor.

Chegando ao fim da produção do disco, Pedro e a Parede se preparam para lançar Ponto enredo em com um show no Rio no fim de setembro o lugar ainda está sendo escolhido. Entre os projetos da galera estão uma viagem do Monobloco à Inglaterra num intercâmbio com batuqueiros ingleses e estreitar cada vez mais os laços com os fãs.

O Monobloco ensinou para a PLAP que o boca-a-boca funciona muito bem. Lotávamos espaços a partir de um fã que falou com o outro. Agora vamos pôr isso cada vez mais em prática diz Pedro.