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Show: Pierre Aderne, um dos 'donos' da 'Mina do Condomínio'

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Leandro Souto Maior, JB Online

RIO - O músico Pierre Aderne apresenta as canções de seu mais recente lançamento, o CD Alto Mar, nesta sexta-feira, no Cinematèque Jam Club, em Botafogo. Se você ainda não ouviu falar nesse artista carioca, provavelmente já escutou alguma de suas muitas canções, talvez na voz de outro intérprete, algum de seus muitos amigos do cenário musical do Rio. Sua mais recente pérola é Mina do Condomínio, co-autoria sua na voz de Seu Jorge.

O título de seu novo álbum - Alto Mar - poderia sugerir mil metáforas para tentar traduzir o som e a personalidade de Pierre Aderne. Viajando em mares nunca dantes navegados da música, descobrindo novos horizontes musicais, e por aí vai. Mas o multifacetado Pierre Aderne tem tantos lados, ataca em tantas frentes, que vou me esquivar de qualquer figura de linguagem e ir direto ao assunto, para não me perder diante de tantas atividades, todas tendo a música como fio condutor.

Além de cantor e compositor, produzindo e interpretando seu próprio repertório, a generosa lavra de Aderne também agracia diversos outros artistas. Na vontade de não ver essa produção engavetada ou limitada apenas à eventuais reuniões entre amigos, lançou seu próprio selo, Abacateiro.

- O Abacateiro trouxe a oportunidade da gente continuar fazendo musica e jogar bola, esse é o grande barato. O que bate na cachola a gente lança, e parece que quem ouve anda curtindo, pois a primeira tiragem do meu Alto Mar e o CD Mar Aberto, de Alvinho Lancelotti, já se esgotou - celebra Aderne.

Esses dois lançamentos são apenas os primeiros frutos de uma promessa de muitos que já estão a caminho. Vem aí o projeto Doces Cariocas, que já é genial desde o título, sugerindo um monte de coisas boas, de Novos Baianos a Doces Bárbaros.

- Trata-se de um sarau de amigos que cozinham a varias mãos. Talvez o projeto mais bacana que já participei. Um grande mosaico de tudo que formou a mim e meus parceiros. As canções têm cheiro de mato, como se a gente tivesse estado presente no Clube da Esquina, Novos Baianos, Cor do Som, Doces Barbaros, Sá e Guarabira... - explica.

Além de cabeça pensante e motor propulsor dessas e tantas outras idéias, Pierre leva tudo isso para o mundo, já tendo colocado seus braços em países como Portugal e Japão, onde se spresenta e lança os seus frutos musicais.

- A MPB nunca vai morrer enquanto existir um japonês, um holandês, um alemão... - brinca Aderne, se referindo ao fato de muitas vezes a música brasileira ser mais admirada e respeitada no exterior que no Brasil.

- Para esse exílio foi um monte de gente talentosa, como Vinicius Cantuaria, Celso Fonseca, Bebel Gilberto, Zuco 103, Marcio Faraco, que agora estão começando a ganhar anistia. Em todo o mundo tem renovação, mas aqui toda cantora que aparece é sub-Marisa Monte, todo cantautor é sub-Caetano, todo jogador é sub-Pelé, o que é uma grande bobagem. Nunca vi um desses artistas da seleção master da MPB convidar alguem da MPB contemporânea para abrir um show... no entanto fui convidado pelo Ben Harper pra abrir seu show em Lisboa - desabafa.

Para se antenar com o som de Pierre Aderne, sair da beira e desbravar novos mares (ops... prometi que deixaria metáforas fora desse texto!), ele se apresenta nesta sexta, a partir das 23 horas. O Cinematèque fica na Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo.