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Bolsonaro sugere a Ancine que recue em patrocínio a filme sobre sua eleição

Alan Santos/PR -
Jair Bolsonaro
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (25) que sugeriu à Ancine (Agência Nacional do Cinema) que recue na decisão de autorizar a captação de R$ 530 mil pelo filme "Nem Tudo se Desfaz".

O longa-metragem, do diretor Josias Teófilo, retrata os acontecimentos que levaram à eleição do presidente em 2018, iniciando a narrativa dos protestos de junho de 2013.

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Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

Em live, nas redes sociais, Bolsonaro disse que, por uma questão de coerência, sugeriu que agência federal volte atrás, porque ele não concorda com a utilização de recursos públicos para a elaboração da produção audiovisual.

"Não queremos filmes de políticos com dinheiro público. O poder publico não deve se meter a fazer filme. O estado vai deixar de patrocinar", disse.

O presidente voltou a criticar a liberação de recursos federais para a elaboração do filme "Bruna Surfistinha" e disse que buscará a "extinção da Ancine". 

"Não tem filme nem com a Bruna Surfistinha nem com Jair Bolsonaro", afirmou.

O presidente lembrou que, apesar de ter sugerido que a agência de cinema recue na autorização, ele não tem poder hoje de obrigá-la, já que é um órgão federal com autonomia administrativa.

"Eu não tenho esse poderio todo na Ancine. Nós temos cargos que são eleitos e não posso interferir direto na Ancine. Quem no Brasil quer fazer filme, faça à vontade. Se nós formos interferir, é uma censura", disse.

Para ter maior controle na liberação de recursos, o presidente estuda retirar da Ancine a gestão do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), cuja dotação para este ano é de R$ 724 milhões.

Com a alteração da gestão, o órgão federal deixaria de ser responsável pelo incentivo do mercado de cinema e televisão e se limitaria a um papel de regulação e supervisão das produções nacionais.

A mudança, que teria de ser feita por medida provisória ou projeto de lei, pode aumentar, na avaliação de produtores culturais, a ingerência do Poder Executivo na destinação de recursos para obras audiovisuais.

Na semana passada, o presidente defendeu a adoção de filtros para a liberação de dinheiro. Caso isso não seja feito, ele afirmou que poderia extinguir ou privatizar o órgão federal, algo que o Ministério da Cidadania tenta evitar.

Nas palavras de um assessor presidencial, é atípico uma agência de regulação ter sob seu poder um fundo de fomento. A equipe palaciana propõe que a Ancine tenha uma função semelhante à de estruturas correlatas, como a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Desta forma, o processo de escolha das produções beneficiadas seria centralizado na estrutura ministerial. O esforço de ingerência também passaria pela transferência dos diretores da agência reguladora para Brasília. Atualmente, eles despacham do Rio de Janeiro.