O espetáculo "Pi-Panorâmica Insana". que reinaugurou o Teatro Prudential, antigo Adolpho Bloch, na Glória, será prorrogado até o dia 23 de junho. Com os atores Leandra Leal, Claudia Abreu, Rodrigo Pandolfo e Luiz Henrique Nogueira no elenco, a peça aborda temas que afetam as condições de vida e questiona se as atitudes da humanidade produzirão um futuro apocalíptico. Ou se ainda é possível corrigir uma série de problemas estruturais que estão dizimando o planeta.
O texto discorre sobre o indivíduo, a civilização, sexualidade, política, violência, nação, miséria, riqueza, consumo desenfreado, gênero e desejo. “Tudo o que é humano interessa, tudo que é próprio de cada um dos atores tem valor enquanto observação da vida, tal qual ela se apresenta agora”, afirma a diretora Bia Lessa. São projetados em tempo real números de assassinatos, estupros, nascimentos, narrações que apontam para uma saturação do sistema atual.
O roteiro foi sendo construído durante os ensaios. Os atores criaram uma série de improvisações e algumas foram incorporadas à dramaturgia final do espetáculo, que tem estrutura híbrida, através do diálogo com a dança, artes plásticas e performance. “A gente se colocou em experimentação, tudo foi criado a partir do encontro entre os atores e os textos. É um teatro de inconformidade, de risco, que busca criar uma experiência”, explica a diretora.
O projeto foi idealizado por Cláudia Abreu e Luiz Henrique Nogueira e, inicialmente, teria como foco os “excluídos sociais”, mas a chegada de Bia Lessa ampliou a temática, na busca de traçar um painel ilimitado de temas que afetam as condições de vida da humanidade. O próprio título do espetáculo traduz a ideia: ‘Pi’ é uma abreviação para ‘Panorâmica Insana’, mas remete também ao símbolo matemático "pi" (), reforçando a ideia de fração infinita. A peça não busca apresentar um diagnóstico fechado, uma verdade cristalizada. o momento, o “entre” o que foi feito e o que está por vir. O agora é ‘entre’, um intervalo, um impasse. A multiplicidade de personagens e as mais de 11 mil roupas espalhadas pelo cenário reforçam essa ideia de pluralidade, de excessos e saturação, pelos quais passa o próprio planeta.
Para Luiz Henrique "A peça dialoga com o Brasil, o mundo e também com o que o mundo está vivendo. Ela não é pessimista pois a insanidade gera lucidez. O espetáculo é um panorama mas de repente, um canhão de luz foca em uma pessoa, uma alma e um discurso". Os assuntos abordados são sempre atuais segundo a atriz Cláudia Abreu, "Queríamos fazer uma peça sobre os temas contemporâneos, falar sobre o que a humanidade fez com o mundo. Já sugeri uma cena baseada em uma notícia de jornal, pois estava indignada com a violência de um estudante contra uma senhora em situação de rua". E o texto não é linear, conforme destaca a atriz, "A obra é fragmentada, muda e aprofunda um assunto, parece uma improvisação, mas é matemática".
A atriz Leandra Leal tem ligação afetiva com o lugar. "Lembro quando vinha aqui com minha mãe Ângela Leal, na época da TV Manchete". O teatro é um patrimônio tombado, que foi devolvido ao público após passar por reformas. Localizado no histórico Edifício Manchete, na Glória, o espaço - projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo assinado por Burle Marx, nos anos 1970 -, reabriu em maio como Teatro Prudential – Sala Adolpho Bloch. E Leandra finaliza, "A peça não tem protagonistas, são tipos comuns e temas contemporâneos. O importante é dizer que o tempo não envelhece, torna contundente".
Serviço:
Teatro Prudential – Rua do Russel, 804 – Glória
Temporada: Até 23 de junho
Horários: De quinta a sábado às 21h, Domingo às 18h.
Preços:
Quinta: R$ 80,00
Sexta: R$ 90,00
Sábado e domingo: R$ 100,00
Vendas: Site da Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br)