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Crítica - António Um Dois Três: Três caminhos para António

**** (Muito bom)

Divulgação -
António Um Dois Três
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A importância de se travar contato com uma obra na sua completude passa por cineastas do calibre de Leonardo Mouramateus. Estreante em longas, o jovem cearense tem uma filmografia invejável em curtas, que se fazem obrigatórios por suas qualidades e por formarem o belo autor que Leonardo é hoje. Obras como 'A Festa e os Cães', 'História de uma Pena', 'Lição de Esqui', 'O Completo Estranho' e o mais recente 'Vando Vulgo Vedita' (esse ao lado de Andreia Pires) criaram um imaginário em torno da estreia de Leonardo em longas, que ocorre agora de maneira progressiva a explorar suas potencialidades e reafirmar suas qualidades.

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António Um Dois Três (Foto: Divulgação)

O cinema de Leonardo trabalha além dos limites do corpo e das narrativas, conjugando e reestruturando certezas independentes do naturalismo. Em 'António Um Dois Três', o cineasta se adequa à Portugal que tem sido sua casa nos últimos anos e cria um hibrido de nacionalidades completamente coerente com sua filmografia até aqui. Dividido em três encruzilhadas distintas como o título sugere, António tenta fugir do pai que descobriu suas ausências na faculdade e durante esse processo se autodescobre, em frequências diferentes porém em essência unificada. Um jovem partido em três, como tantos vemos hoje por aí.

Além de tratar mais uma vez sobre os desdobramentos do indivíduo e de suas particularidades, 'António Um Dois Três' é também um trabalho de ourives em lapidação de roteiro e dos entreveros que propõe para dissecar as camadas de seu protagonista, um estudo moderno de personagem que remove o convencional e permite à alegoria um caráter de absorção muito maior em relação às curvas de seu tipo. Aliado ao acerto múltiplo de Mauro Soares na pele desse homem cheio de caminhos para desbravar que é António, e o longa de estreia de Leonardo Mouramateus caminha largamente para um lugar de destaque entre os lançamentos de 2019. Daqueles cineastas cuja obra vale e faz ainda mais sentido se degustada em sua totalidade.

Tags:

cinema | crítica