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Cine Holliúdy 2 supera expectativas dos exibidores, lota salas do Nordeste e pode se tornar um fenômeno de bilheteria

Divulgação -
Fazer um Star Wars nordestino é o sonho de Francisleydisson em Cine Holliúdy 2 - A chibata Sideral
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De quinta a domingo, apenas em território cearense, um filme brasileiro de vocação popular e de representação regional contabilizou, na venda de ingressos, números que desafiaram a hegemonia da atual campeã nacional de bilheteria, a Capitã Marvel, nas telas do Nordeste: “Cine Holliúdy 2 – A chibata sideral”. Foram 46 mil ingressos vendidos só lá, mais do que muito longa-metragem nacional de prestígio faz em toda a sua carreira. A expectativa é a de termos blockbuster, termo usado para produções que alcançam (ou ultrapassam) a marca de 1 milhão de pagantes. Mas o novo trabalho do cineasta cearense Halder Gomes tem um perfume de refinamento que pode agradar também os críticos mais severos, em sua homenagem à luta dos cinemas de rua para sobreviver e à luta das indústrias audiovisuais periféricas à hegemonia hollywoodiana.

“Esse público que tivemos representa uma resistência de um povo que sempre é oprimido culturalmente. Agora, o sentimento é de ‘eu decido o que eu quero ver’. E isso retrata uma soberania cultural inconsciente nossa”, diz Halder, comemorando seu sucesso. “Na segunda, vendemos 15 mil ingressos no Ceará. Estamos em quarto lugar no ranking geral”.

Esbanjando humor, em seu diálogo com a produção B de filmes de ficção científica derivada do êxito do primeiro “Star Wars”, em 1977, “A chibata sideral” é a parte dois do fenômeno “Cine Holliúdy”, de 2013, que vendeu cerca de meio milhão de ingressos à força de uma trama toda falada em “cearencês”. Até legenda tinha. Francisgleydisson, papel defendido por Edmilson Filho, é o herói da franquia: um pequeno exibidor, dono de um projetor que circula de cidade em cidade, Nordeste adentro, ele apela para sua imaginação para debelar a concorrência com a televisão. A cidade de Pacatuba é sua Gotham City.

“A população cearense tem um compromisso com nosso cinema. Isso representa o desejo do estado de se ver, mas se ver com uma qualidade técnica que não deixa a desejar numa comparação com o cinema dos americanos”, diz Halder.

Em novembro, “A chibata sideral” foi exibida no Festival do Rio, em première hors-concours e, na ocasião, Halder explicou ao JB detalhes da trama. “A época que a história ocorre nesta parte 2 é um grande diferencial, pois agora a TV não está mais somente na casa de uns poucos privilegiados, mas sim acessível à população inteira. Fechar de vez o cinema é fato desta vez”, disse Halder. “Mas Francisgleydisson se recusa a deixar o cinema e tenta se reinventar como cineasta dirigindo filmes populares, numa forma de resistência movida pela paixão”.

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Fazer um Star Wars nordestino é o sonho de Francisleydisson em Cine Holliúdy 2 - A chibata Sideral (Foto: Divulgação)

Segundo o cineasta, os mais marcantes casos de sucesso do cinema nacional despertam um sentimento de pertencimento no público. “Não é o entretenimento em si, mas sim uma identificação, o fato de as pessoas se enxergarem nos filmes”, diz Halder. “No ‘Cine Holliúdy’, a gente passa pelo resgate de uma nostalgia”.

Segundo Halder, o cinema do Ceará é a síntese de uma pluralidade de conteúdos, gêneros e gerações pautada pela resistência. “É um cinema que transita com sucesso nos circuitos de festivais e nos espaços comerciais, rico, plural, visceral, comercial, biográfico, transcendental, cheio de vertentes e narrativas”. “O ‘cearencês’ que se fala no meu filme tem uma raiz fincada muito forte no interior”, diz o cineasta. “Para dominá-lo, só sendo nativo”.

Em paralelo ao sucesso nos cinemas, a grife “Cine Holliúdy” vai para a TV, em forma de série, que estreia em maio na TV Globo. “O seriado dialoga não somente com o universo do primeiro ‘Cine Holliúdy’, mas também com todo universo de ‘Cine Holliúdy 2’ e ‘O Shaolin do Sertão’, diz o diretor. “Francisgleydisson e seus companheiros, assim como nos filmes, transitam pelo universo do realismo fantástico. Porém, pelo fato de a série mais extensa, os episódios são inspirados em referências dos gêneros de cinema, em forma temática e estética”.

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