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Crítica - 'Um banho de vida': Esther Williams ficaria orgulhosa

*** (Bom)

Divulgação -
Os 'atletas' de 'Um banho de vida' enfrentam grandes desafios
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Um grupo de pessoas quebradas pela vida encara um desafio fora do comum. Quantos filmes precisam ser feitos sobre o mesmo enfoque? Milhares. Essa é uma das essências humanas. A vida é de altos e baixos e encarar esses momentos sempre será uma temática instigante. Mas como tratar esse tema com originalidade e, principalmente, sinceridade. “Um banho de vida”, de Gilles Lellouchue, lida com bom humor sobre fracassos e masculinidade.

Na trama, Bertrand (Mathieu Amalric) está na meia idade, desempregado há dois anos e deprimido. Além de muitos medicamentos, ele tenta um método alternativo para aliviar seu sofrimento: frequentar a piscina municipal do bairro. No local, ele encontra homens em situação parecida, entre eles, um empresário quase falido, um pai com problemas familiares, um roqueiro fracassado. Eles se juntam para formar uma equipe de nado sincronizado masculino sob o comando de Delphine (Virginie Efira), uma ex-atleta vitoriosa, mas hoje alcoólatra e com problemas de relacionamento. Bertrand e seus companheiros decidem participar do Campeonato Mundial de Nado Sincronizado.

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Os 'atletas' de 'Um banho de vida' enfrentam grandes desafios (Foto: Divulgação)

Considerando o esporte essencialmente feminino, eternizado no cinema nos anos 1940 por Esther Williams e suas coreografias caleidoscópicas, esses homens barrigudinhos, peludos e cansados de apanhar da vida têm um baita desafio pela frente. Há necessidade de disciplina técnica e artística. Com a colaboração de uma professora cadeirante de métodos muito rígidos (Leila Bekhti), o treinamento dos “atletas” vai não só melhorando seus desempenhos como garantindo muitas gargalhadas. O roteiro equilibra bem o drama e trata com delicadeza as derrotas e pequenas vitórias.

O longa aproveita o material valioso das trilhas sonoras dos anos 80. Há ótimos momentos com “Physical”, de Olivia Newton-John e o principal com “Easy Lover”, de Phil Collins e Phillip Bailey. Cenas que se afinam com o ótimo elenco. Em destaque, além de Amalric, Jean-Hughes Anglade e Guillaume Canet.

Quando a masculinidade pode se libertar de suas amarras e o corpo se solta na leveza do balé na piscina é um prazer. Não se trata de ganhar ou perder na vida. Importam corpo e mente e suas possibilidades. E assim nascem os verdadeiros homens.

Tags:

banho | cinema | crítica | vida