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Crítica - Pastor Cláudio: Gesto natural de matar

*** (Bom)

Divulgação -
Pastor Cláudio: reflexos do mal banalizado
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Cobrindo pela revista New Yorker o julgamento do carrasco nazista Adolf Eichmann, a filósofa Hannah Arendt, cunhou o termo banalidade do mal para definir o homem que revelava ter cometido o extermínio de milhares de pessoas nos campos de concentração, simplesmente porque estava cumprindo um dever. Eichmann respondia com naturalidade sobre seu ofício. Em “Pastor Cláudio”, documentário escrito e dirigido por Beth Formaggini, o ministro evangélico Cláudio Guerra, com uma Bíblia na mão, relata ter cometido 9 execuções e a incineração de outros 12 corpos à serviço da ditadura militar. Ex-delegado, ele conta ao psicólogo e ativista Eduardo Passos, com frieza e riqueza de detalhes, como funcionavam as operações no “submundo”.

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Pastor Cláudio: reflexos do mal banalizado (Foto: Divulgação)

A conversa ocorre num cenário íntimo com um telão ao fundo que projeta imagens das vítimas. Por vezes, essas imagens ficam refletidas no rosto do pastor como marcas de um passado. Tempo em que homens do Estado agiam fora das regras universais para manter um sistema com apoio de empresários. Há similaridade com os dias atuais.

Uma importante reflexão sobre os danos da Lei da Anistia é evocada como o grau mais elevado da impunidade dos homens que “faziam o que precisava ser feito” ignorando os direitos fundamentais.

Tags:

cinema | crítica