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Crítica - Vingança a sangue-frio: Aquarela da brutalidade

*** (Bom)

Divulgação -
Os enquadramentos refinados de Hans Petter Moland tiram esta trama de vingança com Liam Neeson da mesmice
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Ao longo de 26 anos de uma carreira coroada por múltiplas indicações ao Urso de Ouro, Hans Petter Moland, cineasta norueguês premiado por longas como “Um homem um tanto gentil” (2010) e “Uma nova vida” (2004), fez da excelência visual (nas raias do deslumbre) o seu norte de trabalho.

Cada quadro de seus filmes carrega uma potência plástica rebuscada, às vezes até excessiva, mas que demonstra uma reflexão formal, um desapego às convenções da trama, no desejo de libertar as imagens pelas fraturas na psiquê de seus personagens.

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Os enquadramentos refinados de Hans Petter Moland tiram esta trama de vingança com Liam Neeson da mesmice (Foto: Divulgação)

Um flerte de Hans com a cartilha do thriller, o ótimo policial escandinavo “O cidadão do ano” (2014), despertou o interesse de Hollywood. Produtores americanos convidaram o cineasta para fazer um remake da história de um sujeito adorado por todos que liberta os demônios em sua alma depois de perder um filho – o rapaz é morto por um engano da máfia. Filmando no Canadá, Hans trouxe (o sempre impecável) Liam Neeson para viver o papel central de “Vingança a sangue-frio” - nas cópias dubladas, o astro ganha a voz do ótimo Armando Tiraboschi.

Como no original, o modo como Hans enquadra a ambientação de neve, tira esta narrativa das convenções do gênero. É pena que frases fora de contexto de Neeson, consideradas racistas tenham prejudicado a vida comercial do longa, cuja bilheteria beira US$ 58 milhões. Temos aqui uma secura no desenho das personagens que só bambas autorais como Don Siegel (de “Madigan – Os impiedososd”) e Michael Winner (de “Jogo sujo”) faziam. 

Tags:

cinema | crítica