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Prédios, bares, água e tons de violeta

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Entre trabalhos que vão do abstrato ao descritivo, mais realista, o ciclo parisiense "Meu Brasil" já começa a preparar sua próxima edição. "Estamos em processo de pré-inscrição para a mentoria visando à próxima exposição 'Meu Brasil', em outubro de 2019", adianta Ricardo Esteves. As inscrições podem ser feitas pelo instagram @ricardoestevesbr. Se por acaso você estiver hoje em Paris, o curador ainda convida para um coquetel, gratuito, na Rua des Archives, 24. O endereço é do Cloître des Billettes, que todos os dias, até o próximo domingo, expõe "Meu Brasil", cuja edição atual já reúne de artistas que entram agora no circuito internacional a outros que já têm até representação no exterior.

O organizador e curador explica um pouco do trabalho e da identidade de cada expositor.

Marlene Reinaldo - sem título (2016)

Com sua primeira exposição individual internacional marcada para junho, em Gençay, também na França, a gaúcha, que também trabalha com design de estampas, fez uma sobreposição de imagens, na onírica montagem na página anterior. "São camadas de duas fotos, de lugares totalmente diferente", explica Esteves. "A menina de vestido branco é a neta, de uma foto tirada em Porto Alegre mesmo. A floresta é europeia, dos Pirineus Franceses", acrescenta.

Marco Escada - 'Anáglifo' (2018)

"Ele também é de Porto Alegre, mas, curiosamente, ele e a Marlene não se conheciam", comenta o curador. Em outra coincidência, ambos usaram imagens sobrepostas. "O Marco trabalha muito fotografando campeonatos de stock car, de carros antigos, tem uma pegada muito forte com a questão dos carros. Nessa, mais recente, ele usou layers [camadas] de imagens de alguns trabalhos anteriores para construir algo novo, artístico".

Heloisa Medeiros - 'Beleza velada' (2016)

"Ela tem um discurso que até lembra fotografia de moda contemporânea e um pouco, no meu ponto de vista, o fim do século XIX. Apesar de moderno, tem um espírito vitoriano. Seu interesse é falar sobre a mulher no cenário atual".

Luiz Todeschi - 'Fagulha Violeta da Transmutação' (2019)

"Ele está vindo aqui para a mostra em Paris e se trata de um nome cada vez mais conhecido, já sendo representado pela Agora Gallery, de Nova York", destaca Ricardo Esteves. "O Todeschi trabalha muito na contraluz, com um olhar mais no metafísico, espiritual, e com muita ênfase nos tons de violeta. Ele costuma dizer que busca aprisionar as energias nas imagens dele".

Rose Aguiar - 'Abstractus #1' (2018)

"A Rose, por sua vez, tem a água como um elemento importante no trabalho dela, que sempre usa um reflexo, um vapor d'água, alguma variação desse elemento. Nesse caso, ela fotografou as fachadas dos prédios através de reflexos da água".

Marina Almeida Prado - "São Paulo vista do Martinelli" (2016)

"A Marina vive entre a cidade e o campo, onde a família tem propriedades em Mato Grosso, no interior de São Paulo, então, fica entre os arranha-céus e o campo, e é uma fotógrafa muito de telefones celulares - inicialmente, um pouco para se proteger, porque câmeras são muito propensas a serem roubadas", lamenta Esteves. "Essa foto, porém, não foi de celular, saiu de um still que ela fez para o filme "Antes do fim", de Cristiano Burlan, com a Helena Ignez e o Jean Claude Bernadet - por coincidência, um francês que mora no Brasil -, de cima do edifício Martinelli, prédio tradicional do centro paulistano".

George Neri - "Urbanesas" (2008)

Tirada em Salvador, a foto que está na capa desta edição também vem de um filme. "O George - que é conterrâneo do Glauber Rocha, de Vitória da Conquista - estava gravando um vídeo chamado 'Urbanesas', em Salvador, em 2008, em memória às árvores que habitaram o Porto da Barra, quando fez esse ensaio fotográfico de mesmo nome com as personagens do vídeo".

Igor Gomes - 'Multiversos' (2014)

"Ele trabalha muito com o cotidiano. Sai fotografando as cenas do dia a dia. Se interessa muito pela natureza humana, pelo ser humano nas ruas - que, às vezes, ele ironiza. Mas essa é dentro de um bar. Essa peça de decoração, em volta da cabeça, me lembra o Boulevard Périphérique (via expressa que circunda Paris).