Revelado em "Superbad - É hoje" (2007) como um símbolo da novíssima comédia de costumes made in USA, mas repaginado como um ator dramático após um par de indicações ao Oscar de melhor coadjuvante, Jonah Hill chegou aos 35 anos com sede de reinvenção: dirigir foi sua rota para ganhar outros espaços na arte. "Mid90s", seu primeiro (e elogiadíssimo) trabalho como cineasta, ganhou espaço nobre na Berlinale, no domingo, tornando-se um dos títulos de maior prestígio na mostra paralela Panorama. Sem qualquer conexão com os filmes bem-humorados do passado, o longa que marca sua estreia na direção recria a Los Angeles da década de 1990 a partir do universo do skate de rua, onde o jovem deslocado Stevie (Sunny Suljic) vai buscar um veio de sociabilização.
"Tem um pouco de 'Conta comigo' e de outros filmes de balanço geracional dos anos 1980 na história de Stevie, em seu olhar sobre farturas emocionais e amizade. Mas o meu objetivo era desmistificar a representação da masculinidade daqueles filmes e apostar num olhar em que os homens possam expressar seus sentimentos e numa abordagem avessa à homofobia", disse Hill ao JB. "Crescemos vendo filmes sobre amigos em que a expressão dos desejos e medos, entre os meninos, era sempre controlada, suprimida".
Nesta segunda, o Panorama de Berlim recebe o esperado "The shadow play", filme noir do chinês Lou Ye. (R.F.)