Inspirado em cenários e figurinos na escuridão, visualizados por um jogo de sombras e luzes ultravioletas, o Teatro Negro de Praga volta, depois de 20 anos, ao Brasil, onde apresenta uma coletânea de suas principais cenas de meio século de história, completado em 2011.
Popularizada na década de 1960, a técnica ficou tão consagrada na capital tcheca que se tornou uma de suas marcas culturais, atração de roteiros turísticos e inspiração para diversos grupos teatrais, em sua terra natal e em outros países.
A companhia que se apresenta hoje no teatro Bradesco, na Barra da Tijuca, é a original, entretanto. “Antologia – O original Teatro Negro de Praga” reúne algumas das encenações mais marcantes desses 50 anos, sob a batuta do roteirista e artista visual Jiri Srmec, hoje com 87 nanos e que a comanda desde o início.
Sua concepção foi o que consolidou o que ficou conhecido como o “black light theatre” (“teatro da luz negra”, em inglês), a partir da estreia internacional do Teatro Negro de Praga, em 1961, no Festival de Teatro de Edinburgh, na Escócia.
Desde então, a companhia já participou de 77 festivais internacionais e realizou mais de 250 apresentações em 68 países, com seus recursos, que além de mostrarem os atores, esculpem imagens surreais em cena.
Historicamente, o uso de representação dentro da câmaras escuras era usado milenarmente na China e no Japão – além de modernizada por nomes como o dramaturgo russo Konstantin Sergeievich Stanislavski (1863-1938) e o seminal cineasta francês Georges Méliès (1861-1938).
Foi Srmec, porém, quem estabeleceu o uso de luzes ultravioletas sobre os objetos utilizados em cena e as roupas dos atores – todos em superfícies fluorescentes de modo a refletirem esse tipo de iluminação, enquanto o restante do teatro permanece praticamente invisível aos espectadores. A luz ultravioleta também é conhecida como luz negra – daí o título “black light theatre”. Além disso, o Teatro Negro de Praga é essencialmente mudo – sem diálogos, expresso totalmente em arte visual e movimentos.
“Usamos a incapacidade que o olho humano tem de ver o negro projetado sobre o negro. Isso torna possível o Teatro Negro fazer qualquer coisa [com as cores iluminadas por ultravioleta]. Jogamos com a luz negra em duas dimensões, sem profundidade”, responde, por e-mail Srmec, nascido em 1932, em Zalov, na República Tcheca.
O diretor não revela todos os detalhes praticados pela companhia, afirmando que “o efeito da câmara escura escuras é um segredo; por isso, o slogan do nosso espetáculo é ‘nunca saiba o que é real e o que é fantasia’”. Ele ressalta, entretanto, que o trabalho de luz “é todo feito ao vivo”.
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SERVIÇO
ANTOLOGIA – O ORIGINAL TEATRO NEGRO DE PRAGA
TEATRO BRADESCO RIO. Avenida das Américas, 3.900, loja 160 ( Shopping Village Mall), Barra da Tijuca.Hoje, às 20h (apresentação única). Ingressos de R$ 80 a R$ 200.
www.teatrobradescorio.com.br.