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'Tebas Land' está de volta à cena carioca

Premiada peça de Sergio Blanco faz nova temporada na cidade

Divulgação -
Na quadra de basquete da prisão, dramaturgo tenta convencer parricida a fazer o papel de si mesmo
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Por trás das grades, a quadra de basquete do presídio, onde o parricida, vivido por Robson Torinni, recebe um dramaturgo, interpretado por Otto Jr., que deseja traduzir sua história – ou o que imagina que ela seja – no teatro. A inesperada visita dá início a “Tebas Land”, peça de Sergio Blanco que abre hoje a segunda temporada carioca no Teatro Firjan Sesi, no Centro, onde fica em cartaz até 26 de fevereiro, sempre às segundas e terças-feiras, depois de ter estreado em palcos brasileiros no Oi Futuro, no Flamengo, entre novembro e dezembro passados.

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Na quadra de basquete da prisão, dramaturgo tenta convencer parricida a fazer o papel de si mesmo (Foto: Divulgação)

A evidência do autor uruguaio radicado em Paris é tamanha que hoje ele soma duas peças simultâneas em cartaz no Rio: na semana passada, entrou em cartaz no Teatro Poeirinha com “A ira de Narciso”, monólogo de suspense pelo qual Gilberto Gawronski é um dos indicados ao Prêmio Shell de melhor ator – o resultado sai em março.

Vencedora, em Londres, do Award Off West End – um dos principais prêmios ingleses de teatro independente –, e encenada em 12 países – do Uruguai à França, da Argentina à Alemanha –, “Tebas Land” se desloca da reconstrução do crime para as recordações da vida do assassino e, especialmente, à relação dele com o dramaturgo, que sonha em transportá-lo de trás dos muros da cadeia para a frente do palco.

Com direção do argentino Victor Garcia Peralta, tem produção de Sérgio Saboya, que destaca a coincidência (ou sincronicidade?) de ser convidado pelo diretor após ter conhecido o texto através de outro colega de teatro. Junto ao diretor, ele deu a “Tebas Land” o dobro do tempo médio de ensaios que a maioria das peças tem no Brasil, antes de estrearem. “Quando chegou aqui, o Victor vinha da Argentina com um trabalho de processo permanente de ensaios e acabou entrando em uma forma muito comum, de dois meses. Mas, para essa peça, após muita leitura de mesa, a gente percebeu que ela pedia um tempo maior de ensaio”, explica o produtor.

“Antes de qualquer outra coisa, não tinha como mudar o cenário, que é uma rubrica do autor e fundamental para o desenvolvimento da montagem. Então, ensaiamos esses quatros meses com o cenário – essa quadra de basquete fechada por grades, onde se passa a maior parte do diálogo, que funciona como uma gaiola, uma jaula”, acrescenta.

Para além da vida familiar do parricida, “Tebas Land” arremessa o olhar para à relação que ele passa a ter com seu pretendente a biógrafo teatral. “Fala de até onde vai a ética na arte, porque a proposta é colocar o parricida em cena, era essa a ideia inicial sobre o um suposto personagem que vai sendo desconstruído, à medida que as autoridades não permitem”, conta Saboya.

Semelhanças à parte, Sérgio Blanco não teve “A sangue frio”, de Truman Capote, entre suas referências ao escrever “Tebas Land”, mas obras focadas na relação entre pai e filho, no conflito edipiano, além da próprio tragédia grega. “ Minhas inspirações foram ‘Édipo Rei’, ‘Os irmãos Karamazov’, de Dostoiévski; ‘Carta ao pai’, de Franz Kafka; ‘Um parricida’, de Guy de Maupassant, e alguns de Freud”, conta.

Sobre seu estilo de autoficção, ele costuma fazer uma analogia com a obra mais conhecida de Shakespeare. “Hamlet se pergunta ‘ser ou não ser’, a autoficção propõe a alternativa de ‘ser e não ser’”, diz Blanco.

Serviço

TEBAS LAND

Teatro Firjan Sesi (Av. Graça Aranha, 1 - Castelo; Tel.: 2563-4163). Seg. e ter., às 19h. De hoje a 26/2. Entrada: R$ 30 / R$ 15. Capacidade: 338 lugares. Vendas no local, a partir das 11h30 ou pelo site ingressorapido.com.br.

A IRA DE NARCISO

Teatro Poeirinha (R. São João Batista, 104 - Botafogo. Tel.: 2537-8053). Terças e quartas, às 21h. Até 20/2. Entrada: R$ 50 / R$ 25. Capacidade: 50 espectadores. teatropoeira.com.br/narciso.

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