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Mostra de Tiradentes será aberta hoje, celebrando a diversidade

Divulgação -
"Desvio", a liberdade por indulto no fio da navalha
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TIRADENTES (MG) - Há 22 anos, o calendário nacional de festivais e mostras é inaugurado em Minas Gerais e, pelo menos há 12, a Mostra Tiradentes - que começa amanhã - se transformou em um dos mais importantes eventos do Brasil. Obrigatória vitrine para o cinema jovem do país, serão nove dias em que a cidade para, a fim de oferecer uma fatia substancial de cultura, que literalmente tem se encontrado por lá.

Em Tiradentes, é celebrado o cinema de autor, mas também não se deixa de lado o público mais amplo (por exemplo, este ano a programação da praça exibirá o sucesso “Detetives do Prédio Azul 2”), e talvez pensando nesse movimento transitório e constante do mercado e de quem o faz, a direção resolveu que a temática deste ano, “Corpos adiante”, serviria de mote para as discussões e a programação da 22ª Mostra de Tiradentes. O que é definido por Cleber Eduardo - coordenador de curadoria do evento - da seguinte forma: “São corpos do presente, com suas dores de várias opressões, corpos resistentes em seus lugares, persistentes em seus desejos, pacientes em suas lutas de afirmação, entre conflitos e atritos”.

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"Desvio", a liberdade por indulto no fio da navalha (Foto: Divulgação)

A Mostra Aurora é a competição principal, que permite diretores em até segundo longa-metragem. Estarão na competição “A Rainha Nzinga chegou” (MG), de Junia Torres e Isabel Casimira Gasparino, “A rosa azul de Novalis” (SP), de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro; “Desvio” (PB), de Arthur Lins; “Seus ossos e seus olhos” (SP), de Caetano Gotardo; “Tremor Iê (CE)”, de Elena Meirelles e Lívia de Paiva, “Um filme de verão” (RJ), de Jô Serfaty, e “Vermelha” (GO), de Getúlio Ribeiro.

Assim como toda a programação, os filmes da competição principal têm uma coisa em comum, como definaram os curadores Lila Foster e Victor Guimarães: “São filmes que procuram desconstruir as dimensões entre ficção e documentário, abrindo as possibilidades para os dois lados e permitindo que interpretações possam ter um viés que vá do naturalismo até o oposto radical, criando um novo olhar para seus lugares de origem e chegada”.

O filme de Gustavo Vinagre é um exemplo disso. Tendo exibido seu primeiro longa, “Lembro mais dos corvos”, no ano passado, Gustavo volta ao lado de Rodrigo Carneiro para mergulhar no ator paulista Marcelo Diorio, em suas buscas, carências, idiossincrasias e poesia, em registro onde o real e o ficcional será investigado e transformado.

A segunda mostra mais importante de Tiradentes é também a mais arriscada. A Olhos Livres, como o próprio nome sugere, compõe um painel sobre o cinema de risco, sem preocupação de mercado ou respostas fáceis para suas questões. São filmes mais experimentais, ainda que ligados à mesma temática do ano. Fazem parte da seleção: “Calypso” (RJ), de Rodrigo Lima e Lucas Parente@; “Currais” (CE), de David Aguiar e Sabina Colares; “Parque Oeste” (GO), de Fabiana Assis; “Superpina! Gostoso é quando a gente faz” (RE), de Jean Santos; “Tragam-me a cabeça de Carmen M.” (RJ), de Felipe Bragança e Catarina Wallenstein; e “Trágicas” (RJ), de Aída Marques. A sessão é avaliada por um júri jovem, escolhido anualmente pela própria organização do festival e que ajuda também a fomentar público e interesse pelo cinema produzido e difundido por Tiradentes.

Além de palestras, workshops, pré-estreias e debates, Tiradentes - que já revelou o melhor da nova geração do nosso cinema - deve indicar quem serão os próximos Bruno Safadi, Thiago B. Mendonça, Juliana Antunes e Adirley Queirós. Pela velocidade com que o festival projetou esses autores, não é impossível que o próximo vencedor aqui já seja muito mais do que uma promessa, mas a nova descoberta de Tiradentes. A cidade turística, que hoje é um dos palcos das gravações externas da novela “Espelhos da vida”, nessa época concentra não apenas os olhares da sétima arte no país. O tradicional cortejo d Mostra sai amanhã. *Membro da ACCRJ