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Loucura autoral que vem do espaço

Encontro Anual do Cinema Francês em Paris abre espaço para a TV

Divulgação -
"Coincoin et les ZInhumains", de BrunoDumont, fala de suposta invasão alienígena
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PARIS - Vitrine para os mais radicais experimentos autorais da tela grande na Europa, o Rendez-vous Avec Le Cinéma Français - evento anual de difusão do audiovisual feito em Paris e seus arredores - vai se abrir para as narrativas de TV, incluindo em seu cardápio uma série capaz de mesclar fragrâncias da cultura pop e uma essência de cult: “Coincoin e os Inumanos”.

Seu criador é um realizador mais reconhecido pelo radicalismo narrativo, em seu jogo com o realismo, do que pelo empenho em agradar plateias: Bruno Dumont (de “Flandres” e “Camille Claudel 1915”). Batizada lá fora de “Coincoin et les Z’Inhumains”, esta comédia fantástica sobre a presença de ETs maus na Terra é uma sequência do sucesso “O Pequeno Quinquin”, um acontecimento do Festival de Veneza em 2014.

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"Coincoin et les ZInhumains", de BrunoDumont, fala de suposta invasão alienígena (Foto: Divulgação)

“A expressão de uma inquietação artística independe do formato, da bitola, das manhas da tecnologia digital: a poesia só depende da estranheza em relação ao mundo. E estranheza não me falta”, disse Dumont ao JORNAL DO BRASIL, no último Festival de Cannes, quando “Coincoin” ainda estava em fase de finalização. “Há uma carência atual pela fábula. Este projeto nasceu como reação ao vazio que a fantasia por ocupar nestes tempos de feroz intolerância”. Dumont passa por Paris hoje para conversar com jornalistas de diferentes línguas sobre uma trama que é deflagrada pela descoberta de uma fonte de lava alienígena.

No enredo produzido pelo canal Arte, esse magma vindo das estrelas atrai a atenção de Coincoin (Alane Delhaye) e dos inspetores de polícia Roger Van der Weyden (Bernard Pruvost) e Rudy Carpentier (Philippe Jore). Ao investigar essa substância misteriosa, eles se dão conta de uma possível invasão alienígena, o que mexe com os brios morais desses atrapalhados heróis. “O humor aqui vem da loucura vigente”, diz Dumont.

Até o dia 21, a Unifrance espera receber cerca de cem artistas, entre atrizes, atores e diretores, em seu Rendez-vous, onde serão badalados potenciais êxitos de público em um escopo global como “High life”, de Claire Denis; “L’empereur de Paris”, de Jean-François Richet; e “Grâce à Dieu”, de François Ozon.

*Roteirista e crítico de cinema

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cinema | filme | Franco | TV