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Temporada de desfiles começa pelas coleções masculinas

Yuri Souza/Divulgação -
Na Avenida Chile, centro do Rio, a proposta de blazer caramelo sobre malha de fecho na gola e calça jeans escura
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Se no dia a dia continua difícil tirar os homens do combo bermuda + camiseta ou jeans + polo, as marcas lançadoras voltam a investir na necessidade dos looks profissionais. Isto é, a roupa para quem ainda trabalharia de terno e gravata.

Made in Brasil

Uma das melhores iniciativas é da APA, confecção desde 1968 baseada no Rio de Janeiro, a maior do país e considerada entre as dez maiores do mundo. O nome da coleção, Downtown, aponta a inspiração nos homens que trabalham em escritórios no Centro das grandes cidades. A intenção deve unir o espírito casual dos jeans e camisas mais leves ao formalismo do terno, em shapes sutilmente modernos.

O que mudaria no guarda-roupa masculino? Paletós mais curtos, menos ajustados do que tem sido sugerido; a calça jeans slim (não é skinny) substituindo as clássicas pregueadas e mais cores nos looks, principalmente nos paletós. Nota-se uma estrutura mais elegante, forros em tecidos de alta qualidade. E a gravata, se possível, esquecida. A não ser a borboleta, que completa as novas versões dos smokings, agora coloridos.

Coerente com as tendências do estilo de vida, a busca do conforto e do bom humor se traduz não só em tecidos que permitem se deslocar de bicicleta para o escritório, como um colorido que lembra Las Vegas. O terno preto mantém o conceito básico, mas vale apostar na cor, segundo a APA.

Os lançamentos estarão na próxima edição da Fenin, salão que completa 43 produções neste ano, incluindo a mostra em São Paulo (de 13 a 16 deste mês), Gramado (22 a 25 deste mês) e a estreia em Camboriú (Santa Catarina, de 3 a 5 de junho). 

Desfiles pelo mundo

Começou a série de lançamentos masculinos no Hemisfério Norte. No dia 11, abre o salão Pitti Uomo em Florença (Itália), considerado o melhor evento do setor feiras de moda masculina. Os desfiles já começaram por Londres, capital da roupa clássica inglesa. Clássica? Nem tanto, já que os designers mais ousados costumam exibir suas ideias por lá. Um exemplo de sucesso é Craig Green, 33 anos, formado na Saint Martin (como John Galliano, Alexandre McQueen, Stella McCartney) que aprendeu o espírito de vanguarda em estágio com um grande inovador do ramo, o belga Walter Beirendonck.

A coleção de Green tem referências coerentes com sua base de trabalho: muito xadrez (lembra os tartans escoceses), bastante verde (do country britânico) e várias versões de capas de chuva! Além da lembrança do clima londrino, estas capas mostram a pesquisa em tecidos coloridos, transparentes e leves.

Esta fase de ternos e calças nas passarelas está prestes a passar por uma mudança: a evolução do universo digital, a necessidade de produzir rapidamente as peças (que, no caso da roupa masculina, exigem mais tempo e detalhes na confecção) e o fato das publicações, blogs e outlets femininos representarem mais de 50% das vendas, deixam em dúvida o futuro dos eventos exclusivos para os homens. Em entrevista ao site WWD, a tendência, segundo Alison Bringé, marketing da Launchmetrics, plataforma de análise de dados para a moda, concorda que há mudanças à vista. “Atualmente a estratégia dos desfiles mistos oferece a oportunidade de crescimento no impacto de mídia dezenove vezes maior. Um influencer especializado na moda masculina tem muito menos seguidores do que as concorrentes do feminino”

Quer dizer que provavelmente acabam as semanas de desfiles masculinos, as coleções do setor serão vistas durante a agenda das marcas femininas.