ASSINE
search button

Ney Matogrosso estreia o show Bloco na rua, em que revive canções marcantes dos anos 1970

Divulgação -
Ney Matogrosso lança o show "Bloco na rua" esta noite, no Vivo Rio
Compartilhar

Ney Matogrosso finalmente conseguiu tirar da gaveta o repertório guardado para seu novo show, “Bloco na rua”. A estreia é hoje, no Vivo Rio, onde faz temporada até o dia 19. “Estava com as músicas definidas há mais de um ano, mas eu não esperava fazer o ‘Atento aos sinais’ por tanto tempo”, conta o cantor, referindo-se à turnê anterior que durou cinco anos.

Vindo de uma maratona de ensaios no último mês, que consumiu quatro horas por dia - “Isso não é humano!”, brinca – e, pela primeira vez, com o acompanhamento de uma fonoaudióloga, Ney reuniu músicas que já havia gravado e algumas conhecidas por outras vozes. Apenas uma é inédita: “Inominável”, de Dan Nakagawa. “Quase foi o nome do show, mas achei que poderia soar repetitivo, por causa de ‘Inclassificáveis’”, diz ele, que acabou se inspirando na música de Sergio Sampaio, “Eu quero é botar meu bloco na rua”, para dar o nome ao novo show.

Boa parte do repertório vem dos anos 1970, coincidênc

Macaque in the trees
Ney Matogrosso lança o show "Bloco na rua" esta noite, no Vivo Rio (Foto: Divulgação)
ia que Ney garante que não foi proposital. “Nem atinei para isso, eu quis cantar algumas canções que eu já havia gravado, mas com arranjos completamente diferentes”, destaca. Entre elas, estão os duetos “Postal do amor” (Fagner/Fausto Nilo/Ricardo Bezerra) e “Ponta do lápis” (Clodô/Rodger Rogerio), registrados ao lado de Fagner num compacto de 1975. “Escolhi ‘Na ponta do lápis’ porque nunca cantei em shows, e acabei trazendo a outra também. Eu tinha saído dos Secos & Molhados e começava a trabalhar meu disco solo ‘Homem de Neanderthal’ quando conheci Fagner numa festa. Ele cantou as duas músicas e eu adorei. Aí, me convidou para participar de um festival com ele e, logo depois, gravamos o compacto”, lembra.

Arranjos com um som mais pesado

Além do sucesso “Mulher barriguda” (Solano Trindade/João Ricardo), do primeiro álbum dos Secos & Molhados, e “Eu quero é botar meu bloco na rua” - ambas de 1973 -, “Feira moderna”(Beto Guedes/Lô Borges/Fernando Brant), de 1978, e “A maçã” (Raul Seixas), de 1975, são outras pérolas escolhidas por Ney para o novo repertório que têm mais de 40 anos de registro. Ao ser lembrado que Raul aumentou o tom para cantar “A maçã”, Ney diz que fará um registro bem diferente. “Não estou cantando agudo, quero algo mais conversado, como se fosse um papo ao pé do ouvido”, compara. Um recurso que certamente vai combinar com a letra, uma ode ao amor livre: “Se eu te amo e tu me amas/E outro vem quando tu chamas/Como poderei te condenar?/ (...) Amor só dura em liberdade/O ciúme é só vaidade/Sofro, mas eu vou te libertar”:

“Eu não acredito na coisa monogâmica. Um relacionamento tem que ser com liberdade, o que, no entanto, é mais fácil em tese. Não tem como garantir isso o tempo todo. Mas é claro que eu também acho lindo os casais com 50, 70 anos de casados que andam de mãos dadas, como pombinhos. Eu não sou capaz disso e, de certa forma, os invejo”, confessa.

Ainda estão no roteiro “Álcool (Bolero filosófico)”, de DJ Dolores,da trilha do filme “Tatuagem”, “O beco” (Herbert Vianna/Bi Ribeiro) e “Como 2 e 2” (Caetano Veloso). “O show terá uma sonoridade pesada, afinal, tem baixo e guitarra elétrica e percussão com alguns efeitos eletrônicos”, destaca. Na banda, estão os mesmos músicos que o acompanharam na última turnê: Sacha Amback(direção musical e teclados),Marcos SuzanoeFelipe Roseno (percussão), Dunga(baixo),Mauricio Negão(guitarra),Aquiles Moraes (trompete) eEverson Moraes(trombone).

Visual Nijinsky

Todo mundo sabe que Ney Matogrosso é totalmente despojado no dia a dia - “Gosto de jeans, camiseta e sapatinho de pano no pé”, resume. E totalmente extravagante no palco. Desta vez, quem vai fazer seu figurino é Lino Villaventura, de quem se aproximou depois da morte de Ocimar Versolato, com quem manteve uma parceria de anos. “Lino fez um figurino muito interessante. Na primeira música, ele já vira outra coisa, algo meio Nijinsky. Por isso, acho que nem vou trocar, dá muito trabalho! No ‘Atento aos sinais’, por exemplo, acabei tirando um vestido justo que era o figurino que eu mais gostava porque ficou inviável fazer mais trocas”, conta. Isso porque, aos 77 anos e 1,70m de altura, ele consegue manter o peso de 62 quilos. “Até os 40, eu pesava 53 quilos, mas isso não era peso de um homem adulto! Depois engordei e perdi todas as minhas roupas. Hoje, consigo manter entre os 61 e 62 quilos. Gosto de ser leve”, diz.

O segundo figurino - o que Ney não sabe se vai usar - foi criado a partir de um tecido suíço que o próprio cantor deu a Lino. “Eu tinha esse tecido guardado há dez anos, a fábrica até fechou. Ele é cheio de micropaetês e ele o transformou, pintando de preto. Eu já experimentei, mas suado, vai ser impossível, é muito justo. Mas tem uma calça interessante, talvez eu use”, comenta, fazendo suspense. Ney, aliás, conta que adora seda e que sempre compra tecidos por onde passa. “Tenho muita coisa, incluindo uma mala enorme cheia de cortes de tecido, que estava com o Ocimar e a família me devolveu”.

Ney diz que adora as criações de Lino - “Acho lindas, luxuosas”, elogia – e conta uma passagem hilária entre os dois. “Eu liguei certa vez para ele porque queria comprar um vestido, só que minha ideia era meter a tesoura para usá-lo todo rasgado. Lino disse ‘de jeito nenhum!’ e não comprou a ideia….”, diverte-se.

Serviço

BLOCO NA RUA - Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo; Tel.: 2272-2901). Sex., às 21h30. Sáb., às 21h. Dom., às 20h. R$ 120 a R$ 300.

Tags:

matogrosso | ney | show