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Um sonho de liberdade: confira crítica do filme Yara

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O cineasta Abbas Fahdel estreia na ficção com esse surpreendente conto de amor fabular. Através da observação particular de um universo dominado por ostensiva natureza, se desdobra a história da personagem-título, que vive com a avó numa montanha isolada. Um dia Yara tromba com Elias e uma história delicada começa a ser construída, com profundo respeito pelas tradições sem perder a credibilidade com o que se quer contar.

É também o longa uma história política de liberdade, sobre o sonho possível diante das adversidades. Vivendo uma realidade de rotina imutável, Yara materializa nesse romance impensado os caminhos que a vida adulta oferece para nós, e talvez o principal seja a independência emocional. E talvez esteja aí o que tem de mais político em sua trajetória: sonhar com um futuro melhor como grande arma contra a doutrinação.

Fahdel traduz a liturgia da mesmice de Yara com uma poesia imagética que capta e nos arremessar para o ambiente solar da narrativa, colocando dessa forma ambigua a melancolia com a qual a protagonista vive, eternamente com um sorriso - mesmo quando sofre - para acabar por justificar a forma subserviente com a qual muitas mulheres ainda vivem hoje. A rica proposta do diretor em provocar no espectador o encantamento inicial até chegar no cansaço visual daquela paisagem é muito bem sucedida. (F.C.)

COTAÇÃO

* * * (BOM)

Tags:

cinema | crítica | filme