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Águas de alumbramento: confira crítica do filme "Ama-San"

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Artesã do silêncio e da introspecção, reconhecida na Europa por exercícios de observação na qual a câmera busca mapear tradições em gestos de repetição quase orgânica, como “No escuro do cinema descalço os sapatos” (2016), a portuguesa Claudia Varejão produz ensaios sobre a condição existencial de figuras aparentemente anônimas, usando as ferramentas do cinema documental. Além de dirigir, ela fotografa: a intimidade de seu olho com a câmera é algo que torna uma experiência como “Ama-San”, rodada por ela no Japão, algo mais do que um debate teórico sobre as inquietações do feminino – é testemunho sensorial, na primeira pessoa de um singular rito de alumbramento. Seu longa-metragem mais recente – premiado no DocLisboa e em Karlovy Vary, na República Tcheca – mergulha em águas japonesas atrás das “mulheres do mar”, as Ama-San, coletoras de pérolas (e moluscos) que buscam nos afluentes do Pacífico sua subsistência. Seu foco está em uma trinca de mergulhadoras que, há 30 anos, trabalham em uma pequena vila de pescadores da Península de Shima. Há um resquício de filme de aventura na narrativa: a surpresa é o anzol nas vidas de Matsumi Koiso, Mayumi Mitsuhashi e Masumi Shibahara. Mas ainda que se aventurem no desconhecido, elas são guardiões de uma prática centenária, que revela muito sobre o Japão e sobre a condição feminina daquele país, com sua disciplina e sua sororidade. (R.F.)

COTAÇÃO

* * * (BOM)

Tags:

cinema | crítica | filme