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Crítica - Meu filho querido: Uma dor esperada

Divulgação -
Dhrif faz toda a diferença em Meu querido filho 
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Em espaço de sete meses, o cineasta tunisiano Mohamed Ben Attia coloca seu segundo longa em circuito nacional. “A amante” ganhou os prêmios de melhor ator e de melhor filme estreante em Berlim, e esse novo “Meu querido filho” passou pela Quinzena dos Realizadores do último Festival de Cannes causando barulho, diria até exagerado. A narrativa tão sedutora quanto banal (à medida que os segredos vão vindo à tona) é um prato cheio para o desempenho de seu trio protagonista, uma família não lá muito típica, mas que tem desdobramentos muito ligados a questões atuais.

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Dhrif faz toda a diferença em Meu querido filho  (Foto: Divulgação)

O filho do título é um rapaz de 18 anos que, às vésperas de prestar o vestibular, apresenta constantes dores de cabeça. Seus pais são um casal longe da juventude que lutam para o melhor para ele, no qual especificamente o pai nutre por ele uma preocupação e um amor desmedidos. As mentiras que todos deliberadamente contam uns aos outros passam a contornos desesperadores quando o jovem desaparece, e seu pai inicia uma jornada de busca.

A disposição das idades dos protagonistas seria uma curiosidade nunca tão bem explorada pelo roteiro. Aos poucos, percebe-se querer contar uma história de denúncia que deve agradar a uma fatia ampla do público. O filme acaba por sair do campo agridoce de um universo geracional distante ente si para investir num convencional discurso humanista. O que mantém o interesse até o fim é a excepcional interpretação de Mohamed Dhrif como pai de família que se transmuta gradativamente em cena. Personagem igualmente bem construído, merecia uma narrativa que lhe desse caminhos menos óbvios, mas, sozinho, ele já consegue trazer uma paleta de cores ampla a seu protagonista.

** - Regular

*Membro da ACCRJ