Wash Westmoreland há 12 anos sacudiu Sundance com um filme que a cena indie americana abraçou com justiça, “Meus 15 anos”, dirigido em parceria com o marido, Richard Glatzer (falecido há três anos em decorrência de complicações derivadas de ELA - esclerose lateral amiotrofica). Há quatro anos, o casal foi responsável pelo Oscar de Juliane Moore no incompreendido ‘Para sempre Alice’. Agora assinando solo, Westmoreland parece conjugar características dos personagens desses dois longas na trajetória da escritora e jornalista francesa Gabrielle Colette.
Como é uma produção britânica, o filme logicamente é falado em inglês e sua protagonista, interpretada pela igualmente britânica Keira Knightley, atriz irregular aqui em momento elevado. Sua presença realça a história de repressão feminina e dominação machista, onde aponta a escritora como a precursora que realmente foi. Ainda que preso pela amarras típicas da escola dos roteiros biográficos, o filme consegue algum respiro por conjugar bem as matizes de uma época e da necessidade de conhecermos o quanto mulheres ainda precisam marchar, mesmo mais de cem anos depois dos eventos mostrados.
O capricho da produção também é evidente, e os figurinos de Andrea Flesch são um destaque à parte. O filme abre passagens ao mesmo tempo ousadas e surpreendentemente bem-humoradas de uma figura histórica primordial para o nosso tempo, que transpôs as barreiras que começavam em seu próprio casamento castrador. Uma caprichada telenovela não faria melhor, e os embates entre os personagens de Keira e Dominic West (aos poucos, um vilão típico) são o tempero que emolduram uma história que merece ser vista, ainda que seu diretor não tenha atingido o brilho de outrora.
*Membro da ACCRJ
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COLETTE: ** (Regular)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom