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MNBA abre exposição com telas representativas da pintura figurativa brasileira dos séculos XIX e XX

Reprodução -
Vista do Morro Cavalão, em Niterói (1884), óleo sobre tela do alemão Johann Georg Grimm (1846 / 1887)
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A riqueza e exuberância natural do Brasil foi, por muito tempo, a fonte inspiradora dos pintores do país. Antes do advento modernista, a pintura de paisagens interessava os artistas locais assim como os estrangeiros radicados no Brasil ou visitantes. O Museu Nacional de Belas Artes abre hoje, a partir das 12h, a exposição “Três momentos da Pintura de Paisagem no Brasil”. São 36 telas pertencentes ao acervo do MNBA e à Pinacoteca Barão de Santo Angelo, do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Dividida em três módulos, a mostra aborda a evolução da prática da paisagem no Brasil, que tantos mestres das luzes e cores atraiu, entre os quais o holandês Frans Post. “Foi o primeiro pintor a dar uma versão, ao mesmo tempo fiel e poética, da terra brasileira. Mas não deixou seguidores aqui. De volta a Amsterdã, era chamado de ‘O Brasileiro’ por pintar cenas exóticas”, conta o museólogo e crítico Pedro Xexéo, curador da exposição, que optou por um recorte de privilegiar as chamadas paisagens puras, ou seja, não urbanas ou marinhas. São trabalhos de Félix Émile Taunay - considerado o criador da escola paisagista no país -, Auguste Muller, Henri Nicolas Vinet, Araújo Porto Alegre e Agostinho da Motta, este que foi o primeiro artista a pintar telas ao ar livre aqui.

Funcionário do MNBA por 39 anos, Xexéo tem grande familiaridade com essas obras. Reuni-las para exposição era um desejo antigo, uma vez que muitas delas não eram expostas há décadas, permanecendo na reserva técnica do museu. Há um recortes específico de tempo na exposição que se tem início em meados do século 19 indo até as décadas de 1920 e 1930, quando a pintura brasileira enveredaria por novos rumos, pouco favoráveis ao desenvolvimento da paisagem como um gênero de expressão.

Ao divagar sobre este movimento, Xexéo assinala que a criação da Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, em 1940, foi decisiva para diminuir a importância das pinturas de paisagem, relegando a sua prática a artistas que continuaram a se dedicar a uma pintura de caráter realista, que passa a ser considerada obsoleta pelas correntes modernistas.

O aparecimento da pintura não-figurativa e abstrata acentua-se na segunda metade dos anos 1940, na Europa e Estados Unidos, sem deixar de influenciar os artistas brasileiros, sobretudo após a Bienal Internacional de São Paulo e o Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1951, quando as distâncias começam a diminuir. “Até então, havia muita demora no Brasil de se assimilar essas novas correntes modernistas. A Bienal acelerou a internacionalização da arte brasileira. E assim, a paisagem tradicional foi, aos poucos, abandonada pelos jovens artistas”, conta Xexéo.

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SERVIÇO

TRÊS MOMENTOS DA PINTURA DE PAISAGEM NO BRASIL

Museu Nacional de Belas Artes (Av. Rio Branco, 199; Tel: 3299-0600)

Hoje até 31/3 – Ter. a sex., das 10h às 18h. Sáb., dom.

e feriados, das 13h às 18h - ingressos: R$ 8, R$ 4; entrada franca aos domingos.

Tags:

arte | caderno b | cultura | mnba