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Odete em cartaz

Atriz e cantora é maior homenageada de festival em que o Arquivo Nacional celebra os 60 anos da Bossa Nova

Reprodução -
João Gilberto e Tom Jobim em cena do documentário de Fontoura; eles também têm seus momentos próprios no festival
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Com mais de 50 filmes, em 45 sessões, incluindo documentários e ficções, em longas e curtas metragens, o Arquivo em Cartaz Festival Internacional de Cinema de Arquivo vai até a próxima sexta-feira com programação em homenagem aos 60 anos da Bossa Nova e foco especial em Odete Lara (1929-2015), uma ponte do movimento musical com a sétima arte.

Além de estrelar de alguns dos filmes mais importantes do cinema brasileiros dos anos 60, como “Boca de Ouro” (1963) e “Copacabana me engana” (1968), a atriz e cantora, uma das musas da época, gravou um icônico LP em parceria com Vinícius de Moraes, em 1963. Com arranjos do maestro Moacir Santos, o álbum saiu pela gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, parceiro de composições de Tom Jobim e que assina sua direção artística. Além de canções de Vinícius com Baden Powell, como “Samba em prelúdio”, “Berimbau” e “Samba da benção”, ele trazia uma das melhores capas estilizadas que o designer César Villela fazia para a gravadora.

Em outra ponte, o festival se divide entre a sede do Arquivo Nacional, no Centro, e o Cine Arte UFF, que hoje exibe “Lara”, filme baseado na vida da artista, que se afastou das telonas em 1979, convertendo-se ao budismo e indo morar em um sítio em Nova Friburgo, na Região Serrana, onde escreveria quatro livros autobiográficos, além de traduzir obras do monge budista Thich Nhat Hanh.

Foi nesse sítio, que ela conversou com o diretor e ex-marido Antonio Carlos da Fontoura para o documentário que o Arquivo Nacional exibe amanhã em sua sede. Na sequência, o festival mostra dois curtas sobre a Bossa Nova, em geral, e um sobre Vinícius de Moraes. Ao longo da semana, haverá documentários sobre Tom Jobim, João Gilberto e festivais de música da década de 1960, entre outros trabalhos relacionados à bossa.

“Para a homenagem principal aos 60 anos da Bossa Nova, resolvemos pular os nomes que são sempre repetidos. Eu quis lembrar a Odete Lara por conta do LP com o Vinícius, além da carreira dela no cinema, que ela tinha em comum com a música”, explica o curador do festival, Antônio Laurindo dos Santos. “É uma forma de trazer a lembrança dela, que alcançou o auge na carreira mas, meio que desencantada, deu uma guinada e se refugiou, abraçando o budismo e foi se dedicar a traduzir livros”, acrescenta.

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ATRAÇÕES DA MOSTRA

Hoje, às 16h30

LARA (107 min, 2002, Brasil)De Ana Maria Magalhães. Filme baseado na vida de Odete, como Christine Fernandes como Lara Benghini, alter ego da homenageada. Acompanha sua trajetória em diversas passagens como censura, separação, estrelato e saída de cena.

Cine Arte UFF. Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói. Tel.: 3674-7515.

Às 16h30.

Amanhã

Abertura oficial às 19h30, seguida pelos filmes:

RETRATOS BRASILEIROS: ODETE LARA (Documentário, 25 min, 2010, Brasil) De Antonio Carlos da Fontoura. Em uma bem-humorada revisão que faz da sua trajetória, Odete Lara revela autenticidade e lucidez diante das câmeras. O documentário inclui cenas de filmes que ela estrelou, como “Boca de Ouro” (Nelson Pereira dos Santos, 1963) e “Copacabana me engana”, do próprio Fontoura, de 1968.

BOSSA NOVA: UM RETRATO EM PRETO E BRANCO (Filme de Arquivo, digital, P&B, 15 min, 2018, Brasil ). De Ana Moreira. Realizado a partir de seleção de documentos audiovisuais preservados pelo Arquivo Nacional relacionados com o movimento musical e o legado da Bossa Nova.

VINÍCIUS DE MORAES – MÚSICA, POESIA E AMOR (Documentário, cor, 9 min, 1995, Brasil) De Fernando Sabino e David Neves. Mostra Vinícius de Moraes (1913-1980) em sua fase baiana, flagrado ao lado de Toquinho, Maria Creuza, Aloysio de Oliveira, a mulher Gesse e do uísque, em Itapoã. O poeta fala de suas influências de Rimbaud, Baudelaire, Verlaine e Manuel Bandeira, entre outros, e toca “Quando tu passas por mim” ao violão.

BOSSA NOVA (Documentário, P&B, 18 min, 1963, Brasil). De Carlos Hugo Christensen. Filmando quando Ipanema ainda era epicentro do movimento gestado em endereços como o da Rua Nascimento Silva, 107, e do antigo Bar Veloso – atual Garota de Ipanema.

Apresentação musical a partir de 20h30

KÁTIA B

Show em homenagem a Odete Lara, na voz de Kátia B – como ela, cantora e atriz. Bernardo Bosisio no baixo e Guilherme Gê na programação de teclado a acompanham.

Arquivo Nacional. Praça da República, 173, Centro (em frente ao Campo de Santana). Tel.: 2179-1227.

Programação completa em www.arquivonacional.gov.br/br.