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Sá & Guarabyra, Flávio Venturini e 14 Bis têm Encontro Marcado hoje na Barra

Divulgação -
Caçador de mim
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Com trajetórias que se cruzam, coincidem e correm paralelas por diversas conexões, Sá & Guarabyra, Flávio Venturini e 14 Bis fazem hoje mais um Encontro Marcado, na Barra da Tijuca.

Formado em 2014, sob o nome do romance do mineiro Fernando Sabino, o combo de dupla, mais artista solo e a banda acabou por fundir-se em um supergrupo sob a égide das fusões de rock e MPB, pop e rural, típicas de Geraes, embora também tenha integrantes nascidos na Bahia e no Rio de Janeiro.

Os encontros do supergrupo são mais ou menos assim: em 1974, o cantor e pianista/organista Flávio Venturini se juntou a O Terço, que, em 1969, havia ficado em 2º lugar no festival Universitário de Belo Horizonte, defendendo a música “Espaço branco”, dele e do também tecladista Vermelho. Já no ano seguinte, O Terço vencera o Festival de MPB de Juiz de Fora (MG), com “Velhas histórias”, de Guarabyra e Renato Correa.

No estúdio Vice-versa, de Rogério Duprat, em São Paulo, O Terço tocou como banda de apoio de Sá & Guarabyra, na época em que Zé Rodrix saía em carreira solo e os deixava como dupla. Até 1976, Flávio gravou dois álbuns com O Terço, até ir para o 14 Bis, levando o baixista Sérgio Magrão, se juntando novamente a Vermelho e incorporando seu irmão mais novo, o guitarrista Cláudio Venturini, além do baterista Hely Rodrigues.

Posteriormente, foi Flávio Venturini quem seguiu carreira solo, tendo como grande sucesso “Espanhola”, que compunha com Guarabyra – o qual já a gravara na dupla com Sá. Por sua vez, “Caçador de mim”, de Sá e Magrão, estourou com Milton Nascimento e muita gente pensa que é dele – como muitas acham que “Dona”, de Sá e Guarabyra é do Roupa Nova. O Encontro Marcado mostra canções como essa, além de “Meio dia”, “Mestre Jonas” (de Rodrix), “Criaturas da noite” e “Planeta Sonho”, entre outros sucessos e muitas de suas histórias.

Caçador de mim

Macaque in the trees
Caçador de mim (Foto: Divulgação)

A canção que Milton Nascimento tornou faixa-título de seu álbum de 1981 quase não saiu da gaveta de Sérgio Magrão, que a compôs com Luiz Carlos Sá. “Eu tinha feito a composição, mas levei pelo menos um ano até mostrar para alguém, porque tinha sempre preocupação de estar parecendo com alguma outra música já existente. Custei, até que montei pro Sá, em cassete. Na hora, ele me disse que, por acaso, tinha uma letra – era a de ‘Caçador de Mim’, que, por incrível que pareça, encaixou com pouquíssimas mudanças”, conta.

“Gravamos no segundo disco do 14 Bis e o Bituca [apelido de Milton], que estava no mesmo estúdio, ouviu e não falou nada. Um belo dia, na EMI, o Wagner Tiso passa e me diz ‘Aí, se deu bem’. Respondi: ‘Que é isso, cara?’. Ele: ‘Bituca gravou e é o título do disco’”, lembra o baixista, que depois foi assistir ao lançamento do álbum de Milton no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. “Quando o Hélio Delmiro começa aquele solo de guitarra, logo no início, pensei ‘Conheço essa harmonia’. Aí, começou a escorrer lágrima”, admite.

“‘Caçador de mim’ estourou na voz do Bituca e as pessoas passaram a achar que é dele… Eu acho ótimo, significa que fiz uma música que poderia ser dele”, comemora Magrão.

Espanhola

Macaque in the trees
Espanhola (Foto: Divulgação)

A canção de amor foi composta por Guarabyra e Flávio Venturini em meio a uma noite de tanto frio quanto álcool, quando eles moravam perto do estúdio de Rogério Duprat, no Brooklin, bairro da Zona Sul de São Paulo, onde o vento é cortante. No inverno, Guarabyra bebia, se lembrando de um amor que ficara no Rio de Janeiro, até o bar fechar. Ao sair, sentiu a força do frio. “Não havia um táxi na rua, nada. Eu tentei chegar em casa a pé, quando me veio uma ideia: a casa do Flávio Venturini ficava no meio do caminho; então, eu poderia fazer um pit stop ali. Num ato heróico, ele abriu a porta – e saiu correndo para dentro de novo”, lembra. “Para não dizer que tinha passado ali só para isso perguntei ‘Você não tem feito nada?’ O Flávio, então, tirou uma viola e tocou uma música excelente. E eu, completamente bêbado, perguntei ‘Será que posso tentar uma letra?’Ele me deu papel e lápis e eu fiz, de primeira, sem parar nenhuma vez”.

Ele, então, conseguiu voltar para sua casa e, no dia seguinte, recebeu uma ligação de Venturini: “A letra ficou ótima”, dizia. “Letra? Eu não me lembrava nem de ter passado na casa dele”, conta, aos risos, Guarabyra, que só recuperou o enredo da noite anterior ao ser lembrado pelo amigo.

Sobradinho

Macaque in the trees
Sobradinho (Foto: Divulgação)

Luiz Carlos Sá conta que ele e Guarabyra compuseram seu grande sucesso em dupla – uma canção de protesto com boa ironia – quando estavam em Bom Jesus da Lapa (BA).

“É a cidade onde o Guarabyra foi criado. Havia um aumento de criminalidade que a gente não entendia, até porque ia todo ano para lá, que era super calmo. Então, o pai nos contou de uma movimentação muito grande de migrantes, com o governo federal construindo novas casas para acolher moradores de cidades que seriam submersas. Ficamos curiosos e começamos a conversar com moradores, além de amigos que tinham contatos no governo, e ficamos sabendo que essas pessoas eram mandadas embora com indenizações baixíssimas. Até então, a gente não sabia de nada, até porque era ditadura, né? Nada era bem transparente”, lembra o músico.

A represa já estava enchendo quando eles voltaram para gravar o clipe. “Alguns engenheiros vieram peitar a gente. Expliquei que a gente não falou para mal da represa, mas do jeito que foi feito”, recorda Sá, que colocou a música para “o excesso” do álbum “Pirão de peixe com pimenta”, de 1977. “Tínhamos a certeza de que a censura cortaria. Felizmente, acabou não acontecendo”.

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SERVIÇO

ENCONTRO MARCADO RIBALTA. Av. das Américas, 9.650 - Barra da Tijuca (altura do Golfe Olímpico). Tel.: 2432-6000.

Hoje, a partir das 22h, com abertura da casa às 20h30. Ingressos entre R$ 55 e R$ 160 – detalhes em www.ribalta.com.br

Divulgação - Espanhola
Divulgação - Sobradinho