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Neon é a cor mais quente: confira crítica de 'Tinta bruta'

Divulgação -
Shico Menegat é todo luz e impacto em "Tinta bruta"
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De “Beira-mar” à “Tinta bruta” foram apenas três anos, mas o amadurecimento pelo qual Filipe Matzembacher e Marcio Reolon passou é claro. Com o primeiro tímido longa, eles já chamaram a atenção no cenário cinematográfico em um registro de delicadeza e discrição. Ainda que o protagonista Pedro seja introspectivo e avesso ao contato (à primeira vista), esse segundo longa é sobre o desabrochar, a beleza da redescoberta e a explosão que precisamos provocar para motivar um novo EU, ainda que esse estouro não seja visível a olho nu.

Shico Menegat é responsável pela força invisível de Pedro, um rapaz que tem como fonte de renda a exposição na Internet que o personagem #GarotoNeon deu a ele. Ele dança, eles pagam. Isolado em casa depois da viagem da irmã para o outro lado do país, Pedro conhece outro rapaz que dança em tons fosforescentes como ele, e do embate inicial, nasce uma paixão com cheiro de carência. Aos poucos, o passado do jovem Pedro virá à tona e os motivos pelo seu estado de reclusão o colocarão em rota de escolhas definitivas.

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Shico Menegat é todo luz e impacto em "Tinta bruta" (Foto: Divulgação)

De luz inflamável e sentimentos represados que precisam ser expostos, “Tinta bruta” é um retrato sobre a auto-reclusão que a internet disfarça em grande parte da população jovem mundial hoje, acendendo o pavio da depressão. Filipe e Marcio se mostram conhecedores não apenas de sua Porto Alegre, mas de cada uma das lágrimas necessárias para que possa explodir em liberdade numa pista de dança, e transformam seu novo filme em mais do que um atestado de evolução, mas sobre os preços que essa mesma evolução cobra; às vezes triste, sempre engrandecedora.

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TINTA BRUTA: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom