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Na navalha de De Palma: confira crítica de 'O Segredo de Davi'

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Apoiado em uma delicadíssima direção de arte, cujos excessos sazonais de elementos, luzes ou cores lhe dá um ar de giallo (termo usado para definir thrillers de psicose na Itália), “O segredo de Davi” é uma (bem-vinda) incursão brasileira no universo do suspense, num momento em que o cinema nacional (re)aprende o valor dos filões de gênero. E aqui, a educação não se dá pela pedra, e sim pela fina flor do arrepio: é impossível olhar para a saga de Davi, estudante obcecado em filtrar o mundo a partir de uma câmera, e não voltar no tempo até a década de 1980, de “Dublê de corpo”, de 1984, e “Um tiro na noite”, de 1981.

Ambos foram dirigidos por Brian De Palma, o gênio americano que se interessa mais pelo potencial ilusório da imagem do que pela sua potência de revelar verdades. É esse o caso desta produção feita no Brasil. Na direção, o estreante em longas Diego Freitas (de “Sal”, premiadíssimo curta) vai pela vereda similares às usadas por De Palma: seu protagonista tem uma psiquê fraturada, usa uma filmadora como forma de expressão e transita (querendo ou não) pelas páginas de Platão, o pensador do idealismo em oposição à solidez do real. Com sua estranheza, seu capuz de moletom num look à la Xavier Dolan (diretor canadense de forte estilização), Davi é um jovem introspectivo que navega pelo crime levado por um instinto assassino. Isso é o que parece. E, aqui, parecer conta mais do que fatos concretos. O filmaço que se impõe na narrativa de Freitas são as mais variadas aparências que brotam do olhar de Nicolas Prattes, inflamável na pele do Tom Ripley chamado Davi. É uma atuação de assustar... pela virtude.

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O Segredo de Davi: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom