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Peninha vai subir no palco

Escritor estreia versão teatral de programa no YouTube, com datas extras após lotação

divulgação -
Eduardo Bueno, o Peninha, caracterizado como o marechal Deodoro da Fonseca, na internet
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Com lotação esgotada, o jornalista e escritor Eduardo Bueno estreia hoje na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, a versão teatral de “Não vai cair no Enem”, programa que, há um ano e meio, apresenta semanalmente em seu canal Buenas Ideias no YouTube, com 1 milhão de visualizações por mês.

Peninha, como também é conhecido o autor de livros como “Viagem do descobrimento” (Objetiva, 1998) e Brasil, uma história – A incrível saga de um país” (Ática, 2003), transporta para o palco a mistura de história e humor politicamente incorretíssimo, que forçou a abertura de mais duas datas, nos dias 29 e 30, no Teatro XP Investimentos, na Gávea.

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Eduardo Bueno, o Peninha, caracterizado como o marechal Deodoro da Fonseca, na internet (Foto: divulgação)

“Era para ser, inicialmente, uma vez só, um piloto”, conta o escritor, que, a depender do sucesso, pretende agregar parte dos recursos tecnológicos utilizados em vídeo à sua performance no palco, para qual fez a coordenação geral (junto com Ester Jablonksi), roteiro e apresentação, contando com figurino de Sônia Tomé, cenografia de Jorge Roriz e iluminação de Vilmar Olos.

Programa

No programa do YouTube, ele interage com imagens que ilustram suas falas e dicas de leitura. “A ideia era, e é, de levar isso para o teatro, com projeção etc., mas o orçamento ainda não deixou. Quem sabe, fazendo mais vezes, com a arrecadação, a gente não consiga?”, ambiciona o gaúcho que mora em Porto Alegre e vem uma vez por mês ao Rio, onde grava quatro episódios por vez, na produtora Flocks, do humorista Marcelo Madureira, seu padrinho virtual. “Começou, em 2016, na Olimpíada, quando fiz o ‘Extraordinários’, com ele e os outros caras do Casseta e Planeta, o Xico Sá, a Maitê Proença.., o Madureira começou com ‘Peninha, você nasceu para a internet, porque tá sempre contando história’. Eu não curtia muito a ideia, porque me sinto escritor, não ‘youtuber’, Felipe Neto...mas, aí, ele teve 40 dias para me encher o saco e me ganhou no cansaço”.

Foi Madureira quem sugeriu o nome do programa – aí, prontamente aceito. “A história do Brasil não pode ficar aprisionada dentro da sala de aula. Os alunos só aprendem para passar de ano e o que vai cair na (...) do Enem”, protesta o escritor, que, se definindo como “um libertário”, desce a lenha tanto nos “excessos ideológicos” do conteúdo didático quanto em alegadas soluções, como o projeto de lei Escola sem Partido, ao qual dedica adjetivos de vão de “censura” a termos realmente impublicáveis. Ao saber que tramita no Congresso projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que restringe a quem tem diploma de historiador a “organização de informações para publicações, exposições e eventos sobre temas de história”, o que, levado a cabo, poderia inviabilizar seus livros e a própria peça que estreia hoje. “Aquele colorado...”, dispara o fanático torcedor do Grêmio, sobre o parlamentar.

Para o palco, Peninha leva versões de oito episódios de seu programa, contando e debochando de mitos sobre eventos históricos (Descobrimento, República, Brasil Holandês), personagens, como Zumbi e Tiradentes, e sobre o pouco conhecido Caminho do Peabiru, “trilha indígena, que vai da Praia da Guarda do Embaú, em Santa Catarina, ao Peru, e foi descoberta em 1524”. Outros dois temas entrarão por sorteio: “um por papelzinho, outro pelo figurino, que alguém da plateia escolher e eu faço de acordo com ele”, adianta.

Ao final, o que importa mais, informação ou humor? “Para mim, é o storytelling, o jeito de contar, sempre com cinismo, deboche, que é o jeito que eu faço. Mas o que mais interessa é o que eu sempre digo no fim do programa: ‘o que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações, mas o quadro geral era esse aí mesmo. Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram, aí você ter que ler’, enquanto passo ‘[de três a cinco] referências bibliográficas”, diz, a sério, o escritor, que elege os livros de Alberto Costa e Silva e Evaldo Cabral de Melo como seus autores preferidos sobre história brasileira.

Serviço

NÃO VAI CAIR NO ENEM - UMA PEÇA CASA DE CULTURA LAURA ALVIM (Av. Vieira Souto, 176 - Ipanema); Tel.: 2332-2016. Hoje, às 21h. Ingressos esgotados. TEATRO XP INVESTIMENTOS. (Av. Bartolomeu Mitre, 1.110 (Jockey) - Gávea); Tel.: 3807-1110. Dias 29 e 30/11, às 21h. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Capacidade: 366 lugares. Na internet: youtube.com.br/buenasideias.