ASSINE
search button

Abaixo de Deus, nada

Entrevista com Deus

reprodução -
David Strathairn tem presença magnética na obra
Compartilhar

Tem uma atmosfera artificial que une todos os elementos de “Entrevista com Deus”, longa dirigido por Perry Lang a estrear hoje. Desde a primeira cena, com uma narração em off do protagonista que esteve na guerra, passando pelas discussões do casal protagonista, tudo parece embalado em uma montagem sem calibre, que permite às cenas irem sempre além do que deveriam. Não ajuda o fato de Brenton Thwaites ter o mesmo carisma de uma planta e seu bigode ser mais expressivo que ele.

Macaque in the trees
David Strathairn tem presença magnética na obra (Foto: reprodução)

Com cenas infladas, trilha invasiva e talento comprometido na frente das câmeras, sobram os intrigantes encontros que dão título ao filme para justificar sua existência, para além da doutrinação que já se imagina. De fato, este é um longa de cunho religioso que parte de uma premissa realmente interessante: o que perguntaríamos ao encontrar o Cara? O filme até brinca com a utilização dos clichês e das perguntas-padrão, mas nada disso justifica o fato de que nada nesses encontros consegue ir além dos chavões banais.

Só que esses encontros têm um trunfo, e ele se chama David Strathairn. Ainda que não salve o longa, sua presença magnética, sedutora, sua rapidez de raciocínio, sua verve bem-humorada, parece mostrar ao diretor o quão potencial tinha seu projeto, se ele apenas se dignasse a observar Strathairn. Dele, sai credibilidade, sai astúcia, sai humanidade, ou seja, tudo o que o filme deveria ser está nele. Palavra do Senhor. (F.C.)