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Crítica show Alice in Chains: Alice acorrentada ao sucesso

Affonso Nunes -
Jerry Cantrell
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No universo grunge existe uma santíssima trindade formada por Nirvana, Soungarden e Alice in Chains. Deixo o Pearl Jam de fora por crtérios absolutamente pessoais. A primeira banda sucumbiu à morte de Kurt Cobain; brigas internas fizeram o Soundgarden acabar e voltar sem o mesmo brilho e a impossibilidade de Chris Cornell voltar, uma vez que também morreu. E o fim trágico de Layne Staley deveria soar como a aposentadoria compulsória do Alice. Só que não! A mais pesada e densa bandas da geração que renovou o rock a partir de Seattle segue viva com o vocalista William DuVall, honrando a linha de frente da quarteto ao lado de Jerry Cantrell.

Macaque in the trees
Jerry Cantrell (Foto: Affonso Nunes)

Mesmo tentado a mostrar as canções de álbum “Rainier fog”, lançado em agosto, o Alice in Chains subiu o palco do KM de de Vantagens Hall, no domingo à noite, consciente de que precisa entregar ao seu público, sempre fiel, seus clássicos, que despertam na plateia emocionantes coros de milhares de vozes.

A receita do bolo é esta. Não dá para fugir, mas não impediu o grupo de abrir os trabalhos com “Check my brain”, de “Black Gives Way to Blue” (2009), o primeiro álbum de estúdio com o novo vocalista, que demonstra suas habilidades vocais e emula as mesmas sensações que os primeiros trabalhos evocam, sobretudo na sequência matadora formada por “Them bones”, “Dam that river”, “Hollow” e “Nutshell” ainda na primeira metade da apresentação.

A banda é forte e coesa. O baixista Mike Inez e o baterista Sean Kinney dão a DuVall o suporte necessário para alcançar boas notas em seus vocais. E subir. A competente e entrosadíssima cozinha casa soma-se à guitarra base de DuVall. Alice recebe correntes mais espessas, pesadas, para delinear o trabalho de guitarra solo de Jerry Cantrell. Principal compositor da banda e co-vocalista desde os tempos de Staley, o músico, por vezes, parece fugir dos holofote sobre si. Se não chega a ser um virtuose no instrumento, sola de forma, digamos, econômica, sem espalhar notas a esmo. Pode muito bem não destruir o tempo todo no palco, mas os solos em “Stone” e nas essenciais “Man in the box” e “Rooster”. Nesta última, que fecha o bis, a espontaneidade é latente. Tudo sem falhas. Mas o que arranca os maiores aplausos do público são, invariavalmente, as execuções dos riffs de verdadeiros achados musicais dos anos 90.

O público sai saciado do concerto, mais uma vez convicto que o Alice in Chains não chegou àquele ponto em que bandas consagradas tornam-se um covers de si mesmas. Tem passado memorável, um presente de respeito e a missão de seguir adiante. 

Setlist 

Check My Brain

Again

Never Fade*

Them Bones

Dam That River

Hollow

Nutshell

No Excuses

We Die Young

Stone

It Ain't Like That

Man in the Box

The One You Know*

Would?

Rooster