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Dançarinos apresentam espetáculo sobre relação do corpo cego em SP

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Pensar sobre as diferenças e as relações entre o corpo cego e o que enxerga é a proposta dos integrantes do projeto “E a cor a gente imagina”. Eles se apresentam neste sábado (10), às 19 horas, no Centro de Referência da Dança (CRD), em São Paulo.

Os dançarinos Victor Alves, bailarino e diretor da Laia Cia. de Danças Urbanas, e Oscar Capucho, ator, bailarino independente, cego desde os nove anos, levarão ao palco reflexões sobre a importância de tornar a acessibilidade algo mais presente no cotidiano. A programação, composta pelo espetáculo de dança e por oficinas, é gratuita e conta com audiodescrição e interpretação em libras.

“É um espetáculo como outro qualquer, mas tem essa questão da acessibilidade, por ter um cego em cena, e talvez isso chame mais atenção das pessoas. Ainda causa um certo ineditismo para o público”, disse Alves.

Esse é o segundo trabalho dos artistas juntos e é tido como a continuidade da pesquisa iniciada em 2014, com o trabalho Sentidos. Ao final das apresentações, o público participa de uma conversa com os artistas, com a equipe responsável pela audiodescrição e com os intérpretes de Libras sobre as impressões dos espectadores, o processo de criação e o dia a dia dos profissionais.

Tudo começou em Ouro Preto


O projeto foi inaugurado em Ouro Preto, em Minas Gerais, nos dias 7e 8 de novembro. Depois da capital paulista, os artistas seguem para o Rio de Janeiro, onde se apresentam nos dias 21 e 22.

Em seguida, eles retornam a Minas Gerais para percorrer cidades do interior, como Tiradentes, nos dias 23 e 24; Viçosa, 28; e Diamantina, dia 30. Em dezembro, o projeto chega à cidade mineira de Araxá, nos dias 7 e 8; e nos dias 12 e 13, as apresentações se encerram em Vitória (ES).

O “E a cor a gente imagina” foi contemplado pelo edital privado de financiamento de projetos culturais, o Programa Rumos Itaú Cultural. O nome do projeto surgiu quando Victor e Oscar se conheceram, em 2013, por intermédio de Fernanda Abdo, que hoje produz o espetáculo.

“Em uma dessas conversas dos dois [Fernanda e Oscar], curiosa, ela perguntou: ‘E como você faz com a cor?’. Ele disse: “E a cor a gente imagina”. Essa frase ficou guardada e resolvemos dar o nome a essa segunda montagem”, contou Victor Alves, que idealizou o espetáculo.

Sobre as especificidades em contracenar com um bailarino cego, Victor disse que não foram necessárias muitas adaptações. “Na primeira montagem, a gente ainda estava muito junto, colado, muito tato entre mim e ele, até pra gente criar esse diálogo, essa noção de espaço. Já nesse segundo espetáculo, a gente se afastou mais. O Oscar já explora muito bem a noção de espaço, o som, então foi um desafio maior para ele”, opinou.

A preparação para o espetáculo nos ensaios em cada um dos locais envolve, por exemplo, o reconhecimento do espaço e do local onde estão as caixas de som. “Ajuste não teve nenhum, pelo contrário, foi desafiador mesmo. Vai, se joga e o que a gente tem é isso. Não teve corda para delimitar o espaço, nada disso. O Oscar chega antes, faz o reconhecimento do espaço, onde são posicionadas as caixas de som, depende da especificidade do espaço”, explicou.